São Paulo, segunda, 13 de julho de 1998

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Galãs que se fazem de sérios

Brad Pitt, Keanu Reeves e Johnny Depp trilham o caminho mais difícil para os homens bonitos do cinema de Hollywood tentando mostrar que são atores de qualidade nos filmes "Sete Anos no Tibet", "O Advogado do Diabo" e "O Bravo"


Sete Anos no Tibet

MARIANE MORISAWA
da Redação

Mesmo estrelando filmes que serviram basicamente de veículo para sua beleza -"Lendas da Paixão", por exemplo-, Brad Pitt sempre se esforçou para ser reconhecido como ator sério -seja em "Seven" ou em "Sleepers", só para ficar em casos mais recentes.
Em "Sete Anos no Tibet", Pitt interpreta um personagem historicamente polêmico, o alpinista austríaco Heinrich Harrer, num filme do francês Jean-Jacques Annaud ("A Missão").
Sua beleza continua lá -e como-, mas Pitt encara um papel mais complexo, que sofre grande transformação durante a trama.
Harrer é um famoso montanhista em seu país, na década de 30. Egoísta, só pensa em sua própria consagração. Por isso, não hesita em deixar a mulher grávida e integrar uma equipe enviada pelos nazistas para escalar o Himalaia.
Só que a data é 29 de julho de 1939. Dois meses depois, quando ele e a equipe ainda tentavam subir a montanha, a Segunda Guerra seria declarada e os alemães e austríacos, na Índia, então território inglês, foram presos.
Harrer fica famoso por suas tentativas de fuga, que nunca dão certo. Até que um dia, sem saída, ele acaba cedendo aos convites dos outros membros da equipe.
Ainda não seria dessa vez que ele ficaria mais humilde. Na verdade, a única coisa que o comove é o fato de não conhecer seu filho. Trapaceia seu melhor amigo, quer seguir caminho sozinho. Mas acaba tendo de conviver com ele. Tentam escapar pelo Tibete, mas lá os estrangeiros são rechaçados.
Disfarçados, passam pelos portões da cidade sagrada de Lhasa, sede do palácio do dalai-lama.
Depois de descobertos, recebem tratamento especial dos amigáveis habitantes da cidade e vão ficando.
Harrer, já divorciado da mulher, se apaixona por uma "alfaiate" local, que lhe ensina: "Os ocidentais admiram o homem que quer subir na vida a qualquer custo; os tibetanos admiram aquele que abandona seu ego."
Começa aí o aprendizado de Harrer. O austríaco é convidado pelo dalai-lama, ainda menino, para lhe ensinar coisas como onde fica Paris e como se dirige um carro. O contato frio e submisso exigido é abandonado por ambos. Pelo menino, curioso sobre o mundo lá fora, e por Harrer, ávido por finalmente se tornar pai.
A "alfaiate"? Bem, ela prefere o amigo mais feio, mais gentil e menos ambicioso. É, os tibetanos pensam mesmo diferente dos ocidentais. Em Hollywood, quem dispensaria Brad Pitt?

Filme: Sete Anos no Tibet
Produção: EUA, 1997, 134 min
Direção: Jean-Jacques Annaud
Com: Brad Pitt, David Thewlis, B.D. Wong
Lançamento: Top Tape (011/826-3066)



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