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CINEMA
Segundo dia do festival exibe o longa brasileiro "Dois Perdidos numa Noite Suja" e o argentino "O Filho da Noiva"
Gramado projeta ex-concorrente do Oscar
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O 30º Festival de Cinema de
Gramado apresenta hoje na competição brasileira de longas de ficção "Dois Perdidos numa Noite
Suja", de José Joffily. O argentino
"O Filho da Noiva", de Juan José
Campanella, que concorreu ao
Oscar de melhor filme estrangeiro
(vencido por "Terra de Ninguém", de Danis Tanovic), é o
cartaz da disputa latino-americana neste segundo dia.
Joffily, 56, diz que, ao adaptar o
texto teatral de Plínio Marcos para o cinema, evitou o "temor reverente ao autor". Razão pela qual
transportou os protagonistas Paco e Tonho de Santos, no litoral
paulista, para Nova York.
A decisão de torná-los imigrantes brasileiros em busca de uma
chance na América fez com que o
diretor se sentisse "mais à vontade para contar essa história".
Tendo sido ele mesmo um errante voluntário na juventude
-"Aos 20 anos, passei três anos
viajando. Foram tempos muito
intensos"-, Joffily diz que tem "o
olhar do imigrante" até hoje.
O cineasta participa do festival
certo de que mesmo um eventual
prêmio "não contribui efetivamente para levar sequer um espectador a mais ao cinema". E
afirma que essa não é uma característica específica de Gramado,
mas algo comum a todas as mostras competitivas, exceto o Oscar.
"Nesse sentido, somos todos
igualmente subdesenvolvidos. O
mundo está ocupado pela cinematografia norte-americana."
Por que então competir? "O
congraçamento de um festival se
justifica sob o ponto de vista estético, político e mundano. Não sei
se nessa ordem", afirma.
Mesmo sem ter sido premiado,
Campanella diz que foi "fenomenal" a experiência de concorrer ao
Oscar e que os três dias que antecederam a cerimônia de entrega
das estatuetas se revelaram "surpreendentemente sérios, de um
total amor ao cinema".
O cineasta divide seu tempo entre os Estados Unidos, onde desenvolve trabalhos para a TV, e a
Argentina, onde roda seus filmes.
Antes de "O Filho da Noiva", um
sucesso de bilheteria em seu país,
realizou o elogiado "El Mismo
Amor, la Misma Lluvia".
"Está sendo difícil passar muito
tempo fora da Argentina. Cada
vez gosto mais e tenho saudades
da minha família. E ainda me envolvo mais com o que está acontecendo aqui", afirmou, em entrevista por e-mail, de Buenos Aires.
"Parece-me que este é um tempo de participar. Acabo de comprar uma casa em Buenos Aires e
espero, em dois ou três anos, radicar-me de vez aqui e passar a ir
pouco aos Estados Unidos."
Campanella diz que está escrevendo um novo roteiro, a ser filmado na segunda metade de
2003, "se os neurônios funcionarem e ainda flamear a bandeira
azul-celeste e branca".
O diretor chega a Gramado no
dia 16, véspera da cerimônia de
encerramento e premiação. Seu
filme concorre nas seis categorias
da mostra latina (paralela à brasileira) com três longas: o uruguaio
"Estrela del Sur", de Luis Nieto, o
mexicano "La Perdición de los
Hombres", de Arturo Ripstein, e
o chileno "Taxi para Tres", de Orlando Lübbert.
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