São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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CINEMA

Segundo dia do festival exibe o longa brasileiro "Dois Perdidos numa Noite Suja" e o argentino "O Filho da Noiva"

Gramado projeta ex-concorrente do Oscar

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

O 30º Festival de Cinema de Gramado apresenta hoje na competição brasileira de longas de ficção "Dois Perdidos numa Noite Suja", de José Joffily. O argentino "O Filho da Noiva", de Juan José Campanella, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro (vencido por "Terra de Ninguém", de Danis Tanovic), é o cartaz da disputa latino-americana neste segundo dia.
Joffily, 56, diz que, ao adaptar o texto teatral de Plínio Marcos para o cinema, evitou o "temor reverente ao autor". Razão pela qual transportou os protagonistas Paco e Tonho de Santos, no litoral paulista, para Nova York.
A decisão de torná-los imigrantes brasileiros em busca de uma chance na América fez com que o diretor se sentisse "mais à vontade para contar essa história".
Tendo sido ele mesmo um errante voluntário na juventude -"Aos 20 anos, passei três anos viajando. Foram tempos muito intensos"-, Joffily diz que tem "o olhar do imigrante" até hoje.
O cineasta participa do festival certo de que mesmo um eventual prêmio "não contribui efetivamente para levar sequer um espectador a mais ao cinema". E afirma que essa não é uma característica específica de Gramado, mas algo comum a todas as mostras competitivas, exceto o Oscar.
"Nesse sentido, somos todos igualmente subdesenvolvidos. O mundo está ocupado pela cinematografia norte-americana."
Por que então competir? "O congraçamento de um festival se justifica sob o ponto de vista estético, político e mundano. Não sei se nessa ordem", afirma.
Mesmo sem ter sido premiado, Campanella diz que foi "fenomenal" a experiência de concorrer ao Oscar e que os três dias que antecederam a cerimônia de entrega das estatuetas se revelaram "surpreendentemente sérios, de um total amor ao cinema".
O cineasta divide seu tempo entre os Estados Unidos, onde desenvolve trabalhos para a TV, e a Argentina, onde roda seus filmes. Antes de "O Filho da Noiva", um sucesso de bilheteria em seu país, realizou o elogiado "El Mismo Amor, la Misma Lluvia".
"Está sendo difícil passar muito tempo fora da Argentina. Cada vez gosto mais e tenho saudades da minha família. E ainda me envolvo mais com o que está acontecendo aqui", afirmou, em entrevista por e-mail, de Buenos Aires.
"Parece-me que este é um tempo de participar. Acabo de comprar uma casa em Buenos Aires e espero, em dois ou três anos, radicar-me de vez aqui e passar a ir pouco aos Estados Unidos."
Campanella diz que está escrevendo um novo roteiro, a ser filmado na segunda metade de 2003, "se os neurônios funcionarem e ainda flamear a bandeira azul-celeste e branca".
O diretor chega a Gramado no dia 16, véspera da cerimônia de encerramento e premiação. Seu filme concorre nas seis categorias da mostra latina (paralela à brasileira) com três longas: o uruguaio "Estrela del Sur", de Luis Nieto, o mexicano "La Perdición de los Hombres", de Arturo Ripstein, e o chileno "Taxi para Tres", de Orlando Lübbert.



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