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RUÍDO
Ecad diz que projeto do MinC é inconstitucional
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ecad (Escritório Central
de Arrecadação de Direitos) chegou a temer que a extinção da instituição estivesse contemplada no polêmico projeto
de lei de criação da Ancinav, feito pelo Ministério da Cultura.
O projeto veio atingindo a
central de arrecadação só no que
se refere à cobrança de direitos
autorais por trilhas sonoras de
filmes. Durante entrevista à Folha, o ministro e compositor
Gilberto Gil afirmou que a extinção do Ecad não foi cogitada.
"Não trabalho para que o Ecad
desapareça, não vejo necessidade", disse, completando: "Não
vejo também necessidade nenhuma de o Ecad se colocar receosamente em relação a outras
formas de movimentação, que
façam o que o Ecad não faz".
Seu discurso vai além: "Tantas
instituições humanas são extintas e desaparecem, são recicladas, reaparecem no futuro. Não
tem que ter medo. Se o Ecad desaparecer, qual é o problema?".
Confrontada com esse depoimento, a superintendente do
Ecad, Glória Braga, se diz tranqüila quanto à disposição mantenedora do ministro. Mas vai
ao ataque quanto ao já disposto
no projeto, afirmando que o órgão preparará documento afirmando que aquele trecho é inconstitucional. "O projeto quer
retirar do âmbito privado e levar
ao de uma agência estatal a administração de bens que são
propriedade dos compositores.
Eles é que têm que dizer como
querem administrar."
"Gil diz que não está entrando
na esfera do Ecad, mas está. Será
que ele está sabendo qual é a extensão desse negócio?", pergunta Braga, que admite que também não leu o texto na íntegra.
Sobre um suposto caráter abusivo da cobrança de direitos em
cinema, contra-ataca, rebatendo
indiretamente argumentos de
donos de cinemas: "Estou respaldada pela lei e por decisões
judiciais. Abusivo é quem não
cumpre a lei há 15 anos".
O NÃO-LANÇAMENTO
Em tempos em que quase
tudo é não-lançamento,
não-lançamento duplo é o
de um disco que pertence a
um formato hoje extinto.
"Teleco-Teco Opus Nš 1"
(1966), com os sambistas
Cyro Monteiro e Dilermando Pinheiro, é desses casos.
Gravado ao vivo num espetáculo roteirizado por Oduvaldo Vianna Filho e Tereza
Aragão, misturava sambas
clássicos como "Minha Palhoça", "Levava Jurando" e
"Escurinho" com textos
(precários) de tom crítico, à
moda do hoje mítico "Opinião". Um de nossos maiores cantores então já em fase
de ocaso, Cyro turvava a crítica em amargura -gravado hoje, o velho conservador
seria chamado de stalinista,
bolchevique, autoritário, intervencionista...
SAMBA TOMBADO
O Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional)
encaminhará à Unesco um
dossiê propondo o registro do
samba de roda como
patrimônio oral e imaterial da
humanidade -o risco de
extinção é um dos pré-requisitos para o tombamento.
ARACY TOMBADA
Zélia Duncan dará "aula"
gratuita sobre a sambista e
jurada de calouros Aracy de
Almeida (1914-88), terça-feira,
no Museu da Imagem e do
Som. Na palestra, Zélia deve
mostrar gravações e também
reinterpretar sucessos de
Aracy. O evento faz parte da
série "Estudos", coordenada
pelo jornalista, compositor e
pesquisador Carlos Rennó.
MAX, NOVOS E VELHOS
O terceiro álbum de Max de
Castro deve nascer em
outubro, com cara de esforço
coletivo. Apoiado em ritmos
brasileiros como samba, baião
e frevo, virá coalhado de
percussões e participações
especiais de veteranos (Trio
Mocotó, Naná Vasconcelos,
Toninho Horta, Robertinho
Silva, ritmistas da Vai-Vai) e
contemporâneos (parte da
Nação Zumbi, Lanlan).
psanches@folhasp.com.br
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