São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

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RUÍDO

Ecad diz que projeto do MinC é inconstitucional

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ecad (Escritório Central de Arrecadação de Direitos) chegou a temer que a extinção da instituição estivesse contemplada no polêmico projeto de lei de criação da Ancinav, feito pelo Ministério da Cultura.
O projeto veio atingindo a central de arrecadação só no que se refere à cobrança de direitos autorais por trilhas sonoras de filmes. Durante entrevista à Folha, o ministro e compositor Gilberto Gil afirmou que a extinção do Ecad não foi cogitada.
"Não trabalho para que o Ecad desapareça, não vejo necessidade", disse, completando: "Não vejo também necessidade nenhuma de o Ecad se colocar receosamente em relação a outras formas de movimentação, que façam o que o Ecad não faz".
Seu discurso vai além: "Tantas instituições humanas são extintas e desaparecem, são recicladas, reaparecem no futuro. Não tem que ter medo. Se o Ecad desaparecer, qual é o problema?".
Confrontada com esse depoimento, a superintendente do Ecad, Glória Braga, se diz tranqüila quanto à disposição mantenedora do ministro. Mas vai ao ataque quanto ao já disposto no projeto, afirmando que o órgão preparará documento afirmando que aquele trecho é inconstitucional. "O projeto quer retirar do âmbito privado e levar ao de uma agência estatal a administração de bens que são propriedade dos compositores. Eles é que têm que dizer como querem administrar."
"Gil diz que não está entrando na esfera do Ecad, mas está. Será que ele está sabendo qual é a extensão desse negócio?", pergunta Braga, que admite que também não leu o texto na íntegra.
Sobre um suposto caráter abusivo da cobrança de direitos em cinema, contra-ataca, rebatendo indiretamente argumentos de donos de cinemas: "Estou respaldada pela lei e por decisões judiciais. Abusivo é quem não cumpre a lei há 15 anos".

O NÃO-LANÇAMENTO

Em tempos em que quase tudo é não-lançamento, não-lançamento duplo é o de um disco que pertence a um formato hoje extinto. "Teleco-Teco Opus Nš 1" (1966), com os sambistas Cyro Monteiro e Dilermando Pinheiro, é desses casos. Gravado ao vivo num espetáculo roteirizado por Oduvaldo Vianna Filho e Tereza Aragão, misturava sambas clássicos como "Minha Palhoça", "Levava Jurando" e "Escurinho" com textos (precários) de tom crítico, à moda do hoje mítico "Opinião". Um de nossos maiores cantores então já em fase de ocaso, Cyro turvava a crítica em amargura -gravado hoje, o velho conservador seria chamado de stalinista, bolchevique, autoritário, intervencionista...

SAMBA TOMBADO
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) encaminhará à Unesco um dossiê propondo o registro do samba de roda como patrimônio oral e imaterial da humanidade -o risco de extinção é um dos pré-requisitos para o tombamento.

ARACY TOMBADA
Zélia Duncan dará "aula" gratuita sobre a sambista e jurada de calouros Aracy de Almeida (1914-88), terça-feira, no Museu da Imagem e do Som. Na palestra, Zélia deve mostrar gravações e também reinterpretar sucessos de Aracy. O evento faz parte da série "Estudos", coordenada pelo jornalista, compositor e pesquisador Carlos Rennó.

MAX, NOVOS E VELHOS
O terceiro álbum de Max de Castro deve nascer em outubro, com cara de esforço coletivo. Apoiado em ritmos brasileiros como samba, baião e frevo, virá coalhado de percussões e participações especiais de veteranos (Trio Mocotó, Naná Vasconcelos, Toninho Horta, Robertinho Silva, ritmistas da Vai-Vai) e contemporâneos (parte da Nação Zumbi, Lanlan).

psanches@folhasp.com.br


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