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COMIDA
Uma dose de glamour
Abertura do MyNY e do At Nine reforça oferta de bares que apostam no sucesso dos coquetéis
JULIANA BIANCHI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As noites de São Paulo prometem ficar mais glamourosas.
No que depender da oferta, cada vez mais o convite para beber um chope será substituído
por um "vamos tomar um drinque?". Algo bem Anos Dourados mesmo. Depois do sucesso
do Dry e, recentemente, do
SubAstor, duas novas casas se
preparam para abrir as portas.
A primeira será o MyNY Bar
(lê-se mini), no Itaim Bibi, com
inauguração prevista para o fim
deste mês, sob o comando do
barman Marcelo Serrano, ex-Buddha Bar. Inspirado nos
speakeasy, bares clandestinos
que se multiplicaram nos EUA
na década de 1920, quando reinava a lei seca, o bar não terá
nome nem logotipo na porta.
"A ideia é que as pessoas descubram o lugar e repassem o
endereço no boca a boca", diz
Daniel Fialdini, sócio da casa.
Em outubro, a barwoman
Talita Simões (ex-Skye) abre o
At Nine, nos Jardins. Com clima lounge, a decoração será
inspirada no cinema, com destaque para filmes como "007" e
"Moulin Rouge", que ajudaram
a popularizar os coquetéis.
Nos dois casos, o foco serão
os drinques, clássicos ou autorais. Prova disso são as extensas
cartas de bebida, com cerca de
40 misturas em cada uma das
casas. "As pessoas ainda têm
preconceito com os coquetéis,
mas é porque já beberam muita
coisa malfeita", diz Fialdini.
A contar pelo número de
clientes que têm invadido o
SubAstor desde a inauguração,
em julho, a quebra do paradigma já começou. "Este é um movimento que tem tudo a ver
com a evolução da gastronomia
no Brasil", diz Edgard Bueno da
Costa, sócio da casa, que trabalha com três frentes: coquetéis
clássicos, como o mojito e a caipirinha; os vintages pouco conhecidos, como o angel's face; e
os modernos "moleculares",
com bebidas em versões gelatinosas e cheias de espumas.
Outras casas também se preparam para a ofensiva, reforçando a carta de drinques. No
Dui, seu bar de tapas oferece 15
versões, fora as sangrias. Já o
Buddha incluiu recentemente
novos coquetéis no cardápio.
A onda da mixologia
O crescente interesse nesse
assunto não é exclusividade do
Brasil. No mundo todo, o movimento da coquetelaria vem ganhando força, ajudado por filmes e séries de TV, como "Sex
in the City", que fez com o cosmopolitan o mesmo que James
Bond fez com o dry martini.
"Tomar coquetéis é uma tradição nos EUA como o vinho na
França e a cachaça no Brasil.
Da mesma forma que essas bebidas conquistaram o mundo, o
drinque também está ganhando fãs em outros países", disse
Dale De Groff, um dos papas da
coquetelaria nos EUA, durante
o 1º Campeonato Mundial de
Bartenders World Class, realizado em Londres, em julho.
O assunto tem ficado tão sério que até o nome mudou. O
que era conhecido por coquetelaria, hoje é preferencialmente
chamado de mixologia. "São
novas bebidas, ingredientes e
técnicas que saem da cozinha e
vão para o bar. O bartender é
cada vez mais uma espécie de
chef de líquidos", diz Groff.
A comparação parece cair como uma luva quando analisamos a lista de ingredientes dos
barmen. Cardamomo, água de
flor de laranjeira, wasabi e até
aceto balsâmico fazem parte do
arsenal do mixólogo, assim como técnicas trazidas da cozinha molecular de Ferran Adrià.
Apesar de estar na moda no
mundo todo, os dois novos bares não pretendem trabalhar
com essa linha modernosa, que
tem reflexos até no Kaá, onde o
barman Marcelo Vasconcellos
vem chamando a atenção com
seu gin fizz de colher, feito com
limão caramelizado e cristalizado, gelatina de gin, açúcar frizante e merengue de limão.
"Posso até fazer para agradar
um cliente, mas não curto muito. Para mim, comida é comida,
e drinque é drinque", diz Talita.
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