|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Oxford mostra
influência nas artes
SYLVIA COLOMBO
de Londres
A recriação digital de passagens
de "Um Corpo Que Cai", um vídeo que traduz para os anos 90
"Janela Indiscreta", fotos, colagens, instalações e pinturas inspirados na obra do cineasta britânico Alfred Hitchcock (1899-1980)
estão em exposição no Museu de
Arte Moderna de Oxford (Inglaterra), para comemorar o seu centenário, até o dia 3 de outubro.
A exposição "Notorius: Alfred
Hitchcock and Contemporary
Art" mostra como os temas do
medo, da obsessão e do voyerismo influenciaram artistas modernos. "Queríamos explicar por que
Hitchcock tanto encanta e atrai os
artistas plásticos", disse à Folha o
curador Kerry Brougher. Leia
abaixo os trechos da entrevista.
Folha - Por que Hitchcock num
museu de arte moderna?
Kerry Brougher - Acho que
uma coisa que sempre fica nas entrelinhas quando se fala do cinema de Hitchcock é o fato de sua
obra lidar com neuroses contemporâneas, seu trabalho esbarra
em Freud ao mesmo tempo em
que é puro "pulp fiction".
Se analisarmos bem, encontraremos também o que o coloca na
pós-modernidade, que é o seu
trabalho com o espectador.
Hitchcock chama o espectador
para dentro do filme, trabalha
com a câmara para mostrar que
ele está ali e que aquilo é um filme.
Esta reflexão sobre o meio que
usava é pós-moderna e tem a ver
com as discussões sobre artes
plásticas que acontecem hoje.
Folha - E como é a exposição?
Brougher - Trata-se de uma coleção de 14 obras de artistas diferentes, norte-americanos e europeus, com pinturas, fotos, vídeos
e instalações, todos realizados a
partir dos anos 70 até hoje.
Folha - O trabalho de Hitchcock fazia do espectador cúmplice, dando a impressão de que
ele tinha o olho do assassino. Isso acontece aqui?
Brougher - Talvez não aconteça
na prática, mas na teoria. A exposição mostra como o artista se envolveu na questão psicológica inspirada por Hitchcock. Fica a sugestão para o espectador "entrar"
no trabalho e se tornar cúmplice.
Folha - A exposição também
trabalha com a relação entre
Hitchcock e o surrealismo?
Brougher - Sim, há várias referências. Exibir essa relação foiuma das minhas preocupações. Para mim, "Um Corpo Que Cai" nada mais é do que um filme surrealista. O diretor era muito amigo
de Salvador Dalí e também de
Luís Buñuel, e menções a eles aparecem constantemente em seus
filmes.
Texto Anterior: Exposição no MoMA é menor que o diretor Próximo Texto: TV apresenta documentário e filmes ingleses Índice
|