|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EVENTO
Filósofo alemão se autodefinia como "inatual"
Pensamento de Nietzsche continua contemporâneo, conclui debate
DA REPORTAGEM LOCAL
A atualidade do pensamento do
filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), que se autodefinia como "inatual ou extemporâneo", foi o principal aspecto abordado pelo professor livre-docente
do Departamento de Filosofia da
Unicamp Oswaldo Giacoia Jr., em
debate sobre o lançamento do volume "Nietzsche" (coleção Folha
Explica - editora Publifolha), de
sua autoria.
Participaram da mesa de discussões, realizada no último dia 5
no auditório da Folha, os professores Vânia Dutra de Azevedo
(Universidade Regional do Nordeste do Estado do Rio Grande do
Sul), João Carlos Salles (Universidade Federal da Bahia) e Peter Pál
Pelbart (Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo).
A mediação do evento coube ao
professor Arthur Nestrovski, editor da coleção Folha Explica e articulista da Folha.
Giacoia Jr. observou que Nietzsche havia percebido que a crença
da onipotência da razão e da racionalidade científica não passava
de uma crença. Isto é, de uma fé,
precisamente da mesma natureza
daquela fé que a racionalidade
científica pretendia denunciar como superstição.
O professor ressaltou que, ao
pressentir "que a racionalidade
não é alheia à vontade de poder,
imposição de interesses, investimento de desejo", o filósofo
apontou para o fato de que o "desenvolvimento da racionalidade
científica conduziria a inevitável
crise dos valores", condição que
se observa como "traço característico do século 20". Daí, a contemporaneidade do pensamento
nietzschiano.
Com o objetivo de "ampliar" as
perspectivas, Vânia Azevedo
questionou Giacoia Jr. sobre o
que seriam contra-sensos legítimos e ilegítimos na interpretação
da obra de Nietzsche. "Seria toda
e qualquer interpretação que pretendesse ser algo mais do que interpretação, ou seja, que reivindicasse para si o estatuto de texto, e
não mais de interpretação."
Peter Pál Pelbart, por sua vez,
elogiou a capacidade de Giacoia
tratar com consistência um pensamento tão complexo "em 90
páginas miúdas para consumo
rápido". E não deixou de ironizar
o autor, citando o próprio Nietzsche: "Com problemas profundos,
eu procedo da mesma maneira
que com banho frio: entro rápido,
saio rápido".
Texto Anterior: Da Rua - Fernando Bonassi: Expresso Próximo Texto: Cinema: Fontes entra com recurso no MinC Índice
|