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Craques da arte encontram-se na National Gallery
EM LONDRES
Difícil pensar em encontros
mais felizes. A exposição "Encounters - New Art from Old",
que termina no próximo domingo, na National Gallery de Londres, reúne 24 dos melhores artistas contemporâneos com obras
realizadas especialmente para o
museu.
Detalhe: as novas obras são leituras de "masterpieces" da coleção do museu inglês. No time da
velha-guarda estão Van Gogh,
Turner e Raphael. No time dos jovens, Louise Bourgeois, Anselm
Kiefer e Jasper Johns.
De certa forma, a estratégia da
National Gallery é atrair um público de arte contemporânea que
migrou massivamente para a recém-inaugurada Tate Modern, às
margens do Tâmisa. A tática deu
certo, as salas nas quais ocorre a
exibição andam abarrotadas de
visitantes.
A leitura de clássicos por artistas
de nova geração não é algo recente. Picasso já utilizou obras de Delacroix em seus quadros, assim
como Andy Warhol também já
fez sua releitura de De Chirico, para citar apenas dois exemplos.
Mesmo em São Paulo, no início
do ano, vários artistas brasileiros
apresentaram o seu olhar sobre a
obra do pintor brasileiro Almeida
Júnior.
O incrível na exposição que o
museu inglês organizou é ver
obras novas de uma geração que
já se encontra no patamar máximo da arte do século 20, dialogando com obras do que melhor se
produziu na história das artes
plásticas.
Um exemplo é a série produzida
pelo inglês David Hockney a partir do retrato do pintor francês
Jean-Auguste-Dominique Ingres
(1780-1867) "Jacques Marquet,
Baron de Montbreton de Novins". Ingres foi um dos grandes
retratistas de sua época, responsável por imortalizar imagens de
Napoleão e de vários oficiais de
suas tropas, como no caso do retrato de Montbreton. O pintor
francês foi o tema de uma grande
retrospectiva, no ano passado, no
Metropolitan, de Nova York.
Para a exposição em Londres,
Hockney retratou 12 porteiros da
National Gallery e criou ainda 12
dípticos em que apresenta os rostos dos porteiros e suas mãos, como feito nos retratos. Um trabalho de tirar o fôlego.
Outra das preciosidades de "Encounters" é a obra do italiano
Francesco Clemente sobre "Uma
Alegoria da Prudência", de Ticiano (1506-1576). Clemente fez uma
enorme tela, com pequenos homens negros segurando os textos
"Smile Now" (sorria agora) e "Cry
Later" (chore depois).
São dois casos, entre os 24 apresentados. Surpresa num universo
tão cheio de egos inflados, que humildemente se renderam aos
mestres e criaram algo tão impactante quanto o original.
(FCY)
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