São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2001

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"Gota d'Água" traz "arquitetura social"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Gota d'Água" não se configura apenas como musical, como "Ópera de Malandro" (99), no qual Gabriel Villela queria a estética de um "musical brasileiro".
Na nova montagem, ele consente com o tratamento dramático que Chico Buarque e Paulo Pontes imprimiram ao texto em 75, a partir da concepção de Oduvaldo Viana Filho para a TV.
Villela quer fazer jus sobretudo à "arquitetura social" por onde desfilam as lavadeiras e os amigos cúmplices do embate de Jasão (Jorge Emil) e Joana (Cleide Queiroz) -ao contrário da Medéia de Eurípedes, que foge num carro alado graças ao deus Sol, esta mata-se com o mesmo veneno com o qual assassina os dois filhos.
Na cenografia de J.C. Serroni, o conjunto habitacional Vila do Meio-Dia desenha-se por meio de estrados de camas hospitalares. No centro, uma rampa conduz à réplica do Palácio do Planalto.
Para Villela, 41, a condição da população carente retratada em "Gota d'Água" merece alusão aos movimentos de massa reivindicatórios que rumam para Brasília na história recente do país.
"O povo se desloca arquetipicamente para o palácio-mor não atrás do presidente, mas movido por mitos similares aos gregos, como a Joana que invoca poderes de todos os santos contra Jasão, num ebó ecumênico", diz. (VS)


GOTA D'ÁGUA - Com: Cia. de Repertório Musical do TBC. Onde: Tom Brasil (r. das Olimpíadas, 66, tel. 0/xx/11/3845-2326). Quando: estréia amanhã, às 22h; sáb., às 22h30; e dom., às 20h. De R$ 25 a R$ 40.


MEDÉIA - Com: Centro de Pesquisa Teatral. Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 991, SP, tel. 0/xx/11/6605-8143). Quando: sex., às 21h; sáb. e dom., às 19h. De R$ 10 a R$ 20.


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