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"Gota d'Água" traz "arquitetura social"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Gota d'Água" não se configura
apenas como musical, como
"Ópera de Malandro" (99), no
qual Gabriel Villela queria a estética de um "musical brasileiro".
Na nova montagem, ele consente com o tratamento dramático
que Chico Buarque e Paulo Pontes imprimiram ao texto em 75, a
partir da concepção de Oduvaldo
Viana Filho para a TV.
Villela quer fazer jus sobretudo
à "arquitetura social" por onde
desfilam as lavadeiras e os amigos
cúmplices do embate de Jasão
(Jorge Emil) e Joana (Cleide Queiroz) -ao contrário da Medéia de
Eurípedes, que foge num carro
alado graças ao deus Sol, esta mata-se com o mesmo veneno com o
qual assassina os dois filhos.
Na cenografia de J.C. Serroni, o
conjunto habitacional Vila do
Meio-Dia desenha-se por meio de
estrados de camas hospitalares.
No centro, uma rampa conduz à
réplica do Palácio do Planalto.
Para Villela, 41, a condição da
população carente retratada em
"Gota d'Água" merece alusão aos
movimentos de massa reivindicatórios que rumam para Brasília na
história recente do país.
"O povo se desloca arquetipicamente para o palácio-mor não
atrás do presidente, mas movido
por mitos similares aos gregos,
como a Joana que invoca poderes
de todos os santos contra Jasão,
num ebó ecumênico", diz.
(VS)
GOTA D'ÁGUA - Com: Cia. de Repertório Musical do TBC. Onde: Tom Brasil (r. das
Olimpíadas, 66, tel. 0/xx/11/3845-2326). Quando: estréia amanhã, às 22h; sáb., às 22h30; e dom., às 20h. De R$ 25 a R$ 40.
MEDÉIA - Com: Centro de Pesquisa Teatral. Onde: Sesc Belenzinho (av.
Álvaro Ramos, 991, SP, tel. 0/xx/11/6605-8143). Quando: sex., às 21h; sáb. e dom., às 19h. De R$ 10 a R$ 20.
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