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O pianista carioca radicado em Londres Jean Louis Steuerman, 52, apresenta-se hoje com uma parceira musical das mais ilustres: a atriz Fernanda Montenegro.
Dentro da série Concertos BankBoston, no Espaço Cultural Promon (antiga Sala São Luiz), o duo interpreta uma das obras menos executadas de Richard Strauss: o melodrama "Enoch Arden", op. 38, para narrador e piano, com cerca de uma hora de duração, composto em 1897, sobre texto de Tennyson (apresentado aqui na tradução para o português de Ivo Barroso).
O programa é complementado por duas obras para piano solo de Schubert, os "Improvisos nº 2 e 4" da série publicada como opus 90. "O encaixe entre a música de Strauss e o texto de Tennyson é perfeito", afirma Steuerman. "Contudo é muito difícil de fazer, porque a forma e o estilo são pouco habituais. As sílabas do texto são recitadas junto com as notas. É como se fosse um "lied" sem melodia."
Richard Strauss compôs "Enoch Arden" aos 33 anos de idade, um ano depois de ter escrito uma de suas peças mais populares, o poema sinfônico "Assim Falava Zaratustra", inspirado na obra homônima do filósofo alemão Friedrich Nietzsche.
"Arden" está vazado no idioma romântico tardio característico do compositor e foi gravado pelo célebre pianista canadense Glenn Gould, com narração de Claude Rains, pelo selo Sony.
Além de Fernanda Montenegro, Steuerman tem planos de interpretar "Enoch Arden" com outros atores: o britânico Simon Callow, 52, e o francês Jean-Louis Trintignant, 70.
"No caso de Callow, há propostas para fazer em Londres, Edimburgo e Gstaad [Suíça" no ano que vem, mas precisamos acertar nossas agendas", afirma Steuerman. "Já para o trabalho com Tritignant ainda estamos buscando uma tradução adequada do texto para o francês."
O pianista pretende ainda fazer a obra em alemão, mas o ator ainda não foi definido.
"Quando fizer em alemão, quero incluir outro melodrama de Strauss para narrador e piano: "O Castelo no Mar" ["Das Schloss am Meere'", que tem uns cinco minutos de duração."
Especialista em Bach, autor do qual já registrou várias obras pelo selo Philips, o pianista deve gravar, no final deste ano, pelo selo francês Acte Sud, as "Variações Goldberg ", do compositor alemão, peça que executou ao vivo em São Paulo, no ano passado; pela mesma etiqueta, Steuerman registra ainda um disco completamente dedicado a Schumann, incluindo "Carnaval", "Faschingsscwank aus Wien", "Toccata" e "Arabeske".
Um CD já registrado e que está prestes a ser lançado no mercado pelo selo Naxos inclui a "Sinfonia nº 2 - The Age of Anxiety ", de Leonard Bernstein, com o pianista acompanhado pela Filarmônica da Flórida regida por James Judd, velho parceiro musical do intérprete. Ao lado de Judd, Steuerman já fez alguns discos, além de ter se apresentado com o regente e a Osesp este ano, na Sala São Paulo.
No ano que vem, Jean Louis Steuerman deve registrar as "Bachianas Brasileiras nº 3", de Villa-Lobos. "Vou gravar a obra com a Osesp e devo tocá-la sob a regência de Roberto Minczuk, nos EUA, e de John Neschling, na Suíça", diz o pianista.