São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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QUADRINHOS

Estilo agrada diferentes gostos e faixas etárias do público brasileiro, afirmam principais editoras do gênero

Sucesso do mangá está em tom universal

DA REDAÇÃO

Por que o mangá atrai tanto as novas gerações de leitores de HQ? A Folha fez a mesma pergunta às principais editoras do gênero atualmente e um aspecto parece ter sido consensual: o quadrinho japonês serve pura e simplesmente para o entretenimento leve, de todas as idades e para todos os gostos.
"As HQs americanas funcionam como as sitcoms. Já a estrutura dos mangá está mais próxima do que é a novela brasileira." Essa é a opinião de Júlio Moreno, diretor-geral da editora JBC, responsável pela publicação de sete séries mensais de mangá, entre elas a de "Samurai X" -título que ganhou impulsão pela exibição do anime (desenho japonês) na televisão brasileira.
Até o final do mês a editora promete colocar no mercado a primeira história de Osamu Tezuka publicada no país: "A Princesa e o Cavaleiro".
Tezuka, criador de "Astroboy" e do próprio traço dos quadrinhos japoneses, está para os fãs do mangá assim como Walt Disney estaria para o público dos desenhos animados ocidentais.
"O mangá tem fim. O leitor sabe que não vai ser enganado com aquelas enrolações, como o casamento de Peter Parker, em "Homem-Aranha", ou a morte e ressurreição do Super-Homem", opina Odair Braz Júnior, redator-chefe da revista "Herói". "As HQs americanas estão em uma crise de identidade e de criatividade muito forte. Esse tipo de quadrinho está virando cada vez mais um nicho por lá e perdendo espaço para a chegada dos mangá."
Outra diferença em relação aos quadrinhos japoneses, aponta Júnior, é a variedade e o volume de títulos produzidos mensalmente no universo do mangá. Dentre as oito publicações da Conrad, por exemplo, há espaço para a pancadaria ("Dragon Ball Z") a ficção-científica ("Fushigi Yûgi"), as artes-marciais ("Vagabond") e o humor ("Dr. Slump" e "One Piece"). Em outubro, a editora lançará ainda a conceituada série "Gon", uma densa narrativa visual criada por Masashi Tanaka.
Apesar de todo o barulho das "pequenas", a Panini, QG dos heróis da Marvel e, mais recentemente, da DC Comics no Brasil, também prepara suas estratégias.
Além de trazer ao país séries de sucesso, como a edição de "Homem-Aranha" dedicada à tragédia do 11/9 e os quadrinhos da nova Liga da Justiça, versão modernizada dos heróis da DC produzida especialmente para um desenho animado, a empresa italiana também passou a investir no quadrinho japonês, com a publicação de "Gundam", que chega neste mês ao seu segundo número.
O divertido "Mangaverse" também passa a ser publicado no país pela editora. Com isso, os fãs poderão conferir, por exemplo, a "versão Changeman" dos Vingadores, que, em sua realidade mangá, juntam seus corpos para formar um robozão gigante digno dos seriados trash japoneses.
Hulk, Homem-Aranha, Motoqueiro Fantasma e -não vale rir- Mulher de Ferro e Justiceira também estão entre as promessas da Panini dentro da série "Mangaverse", que será publicada em formato menor do que o tradicional americano e com um dos preços mais baixos de toda a linha atualmente oferecida pela editora.
"Queremos buscar os leitores que não estão acostumados com a complexidade dos personagens Marvel", defende José Eduardo Severo Martins, presidente da Panini. "Nosso principal objetivo é devolver o hábito dos quadrinhos ao público infantil. É um equívoco pensar que a criança não gosta de ler." (DIEGO ASSIS)

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