São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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MÚSICA/LANÇAMENTOS

"PLASTIC FANG"

Disco aposta em clássicos do rock, mas líder diz que fase passou

Novo Jon Spencer Blues Explosion já nasce velho

Divulgação
Da esq.: Judah Bauer, Jon Spencer e Russell Simins


DA REDAÇÃO

Não o desdenhe por causa do título acima: "Plastic Fang", o sexto e mais recente álbum do Jon Spencer Blues Explosion, lançado agora no Brasil, é provavelmente um dos mais coesos e pop do histérico trio nova-iorquino formado pelo guitarrista Judah Bauer, pelo baterista Russell Simins e pelo frontman estiloso Jon Spencer.
O "velho" em questão vem da principal influência do grupo durante as gravações deste trabalho, as lendas de vampiros e lobisomens, os quadrinhos e filmes de terror trash da década de 50 e, claro, os standards do rock'n'roll, de Little Richards a Rolling Stones.
Para Jon Spencer, no entanto, o gostinho de mofo vai ainda mais além. "Esse álbum já é velho. As músicas foram escritas há um ano e meio, dois anos. Na época foi o máximo, mas agora sinto que o Blues Explosion já está um pouco adiante disso tudo", dispara o vocalista-camaleão, que já flertou com o blues (sempre), com o funk (em "Extra Width") e até com a música eletrônica (em "Acme").
"Fiquei muito feliz com o resultado. Mas o fato é que estamos mudando constantemente. Em nosso show sempre haverá espaço para o improviso e para experimentar novos caminhos."
Na verdade, por mais que mude, ou melhor, que lance um novo disco, o JSBX será sempre a mesma coisa. E essa, talvez, seja a grande sacada do grupo.
Explica-se: tome "Sweet n Sour", por exemplo, faixa que abre o CD. Pense na escala mais manjada do rock'n'roll cinquentão -é nessa mesma que eles pensaram- e adicione a quebradeira descompromissada que ficaria conhecida uns 20 anos depois em apresentações ensandecidas de Iggy Pop e Richard Hell.
"She Said", a número dois, já faz o contrário. Enquanto a instrumentação retrô e dissonante da música remete ao alternativo, a voz de Jon Spencer persegue -e emula- o rock empolado de um Elvis Presley.
Do começo ao fim, "Plastic Fang" (literalmente "canino de plástico", portanto fake) não é dos mais originais, mas desafia o ouvinte mais cético a não balançar a cabeça para a frente e para trás e a não bater o pé no compasso quatro por quatro do rock e do seu primo mais velho, o blues. "O disco tem mesmo um clima à moda antiga. Essa foi a nossa influência desde que começamos a tocar juntos", confirma Spencer.
Em tempo: velha ou não, a própria Matador, dona do passe dos caras nos EUA, resolveu "atualizar" a versão de "Plastic Fang", lançada em abril último por lá. Quem comprar a nova edição americana ganha um DVD bônus, com dois videoclipes e entrevistas do grupo. (DIEGO ASSIS)


Plastic Fang    
Artista: The Jon Spencer Blues Explosion
Lançamento: Trama
Preço: R$ 20, em média



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