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FESTIVAL DE VENEZA
Vencedor da 61ª edição da mostra, diretor inglês diz que prêmio encoraja cinema independente e engajado
Mike Leigh recebe Leão de Ouro contra o "cinismo"
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor inglês Mike Leigh recebeu o Leão de Ouro da 61ª Mostra de Cinema de Veneza, no último sábado, como um antídoto ao
"cinismo do mundo".
Em "Vera Drake", seu filme
vencedor, a personagem-título só
não é uma típica dona-de-casa inglesa dos anos 50 porque, nos fundos de sua casa, realiza abortos
clandestinamente.
"Num mundo cínico, [receber
este prêmio] é algo maravilhoso e
ainda mais reconfortante quando
filmes europeus de baixo orçamento, sérios, independentes e
engajados são reconhecidos e encorajados dessa forma, o que ajuda a atrair a atenção do público
para eles", disse Leigh, logo após a
cerimônia de premiação.
Pela interpretação da protagonista Vera Drake, Imelda Staunton recebeu o prêmio de melhor
atriz do festival e fez multiplicar
os comentários sobre o talento de
Leigh para levar seu elenco a desempenhos memoráveis, como
no "duelo" de Phyllis Logan e
Brenda Blethyn em "Segredos e
Mentiras" (1996).
No entanto não era no filme de
Leigh, e sim no espanhol "Mar
Adentro", de Alejandro Amenábar, que estava depositada a principal aposta de vitória, na véspera
do anúncio das escolhas do júri
oficial, presidido pelo cineasta inglês John Boorman.
Depois de concorrer ao Leão de
Ouro em 2001 com o suspense
"Os Outros", Amenábar retornou
ao festival com um drama sobre a
luta de um paraplégico, interpretado por Javier Bardem, pelo direito à morte assistida.
O filme, que deu a Bardem o
prêmio de melhor ator, é baseado
na vida real de Ramón Sampedro,
um espanhol que se tornou tetraplégico aos 26 anos de idade e que,
durante 30 anos, solicitou à Justiça espanhola autorização para eutanásia, sempre negada. Em 1998,
Sampedro morreu pela ingestão
de cianureto. "Mar Adentro" recebeu também o Leão de Prata de
Grande Prêmio do Júri.
O coreano Kim Ki-duk (o mesmo de "Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera"), cujo
"Bin Jip" (A Casa Vazia) foi acrescentado à disputa (como 22º concorrente, na qualidade de filme-supresa pelo diretor do festival,
Marco Müller), acabou recebendo o prêmio da crítica e o prêmio
especial do júri pela direção.
Sob críticas à intensa desorganização do festival, que chegou a
exibir com rolos trocados um dos
títulos ("Eros", filme em três episódios dirigido por Steven Soderbergh, Wong Kar-wai e Michelangelo Antonioni), Müller disse que
a edição apresentou uma "sólida
programação" e que é necessário
trabalhar para que as próximas
sejam caracterizadas também por
uma "sólida organização".
Com agências internacionais
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