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SHOW
Atriz interpreta de Cartola a Leandro e Leonardo em "Estrela Tropical", espetáculo que estréia hoje em São Paulo
Marília Pêra assume papel de cantora
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é de agora que Marília Pêra,
57, pende para o microfone. Em
1975, no musical "Feiticeira", ela
cantava acompanhada por uma
banda na qual davam seus primeiros acordes jovens como Lulu
Santos, Ritchie e Lobão. Ali, a
atriz mesclava canções populares
e dramatizava textos de Clarice
Lispector, Jorge Luis Borges e
Carlos Castañeda, entre outros.
A personagem da "cantora popular" Marília Pêra finalmente
vem à baila em "Estrela Tropical",
o show (e não o espetáculo musical, tampouco a montagem teatral), que fez curta temporada no
Rio de Janeiro e estréia hoje em
São Paulo, no teatro Renaissance,
para seis apresentações.
O público da atriz ficará surpreso. "É a primeira vez em minha
carreira que não tenho texto para
dizer, com exceção de uma ou outra "janela" para uma conversa
com a platéia. Eu apareço como
cantora mesmo, tentando descobrir o meu personagem de cantora popular", afirma Marília.
Sob direção geral de Antônio
Negreiros e direção musical de
Roberto Menescal (com quem
trabalhou pela última vez há 30
anos, no musical "A Úlcera de
Ouro"), ela interpreta cerca de 30
canções. A seleção, feita por ela e
Menescal, pretende-se representativa da canção popular brasileira firmada dos anos 50 para cá.
Vai de Cartola ("Acontece") a
Tim Maia ("Não Quero Dinheiro,
Só Quero Amar"), de Maysa
("Ouça") a Leandro e Leonardo
("Pensa em Mim"). O show é divido em três blocos que podem ser
definidos como pop, romântico e
"Carmem fake", o bis no qual Marília evoca o espírito solar de Carmem Miranda, cantando três sucessos da "pequena notável".
É a forma dissimulada que "Estrela Tropical" encontrou para
não apagar de vez a sua concepção original para evocar a trajetória de Carmem Miranda. Descobriu-se, no entanto, que os direitos artísticos da cantora portuguesa são exclusivos de outra produtora no Brasil. Daí a guinada
para a MPB.
Apenas o bis foi cedido, graças a
um acordo com os advogados da
família. É o momento em que Marília agita os balangandãs e solta o
vozeirão em "Sassaricando" (Jota
Junior, Oldemar Magalhão e Luis
Antônio) e "Chiquita Bacana"
(Braguinha e Alberto Ribeiro).
Por conta dos trâmites autorais,
curiosamente configuraram-se
duas versões do show. A brasileira
é a que foi descrita até aqui, com
repertório eclético da MPB e um
"grand finale" em homenagem à
mulher que mostrou ao mundo
"O Que É Que a Baiana Tem".
Lá fora, como já foi mostrado
em Portugal, o que se verá é um
espetáculo que celebra Carmem
Miranda de cabo a rabo.
No palco, Marília Pêra acentua
o grave na voz, em detrimento do
agudo. Para ela, "Começaria Tudo Outra Vez", composição de
Gonzaguinha, é a canção que lhe
exige mais.
"Emito um agudo aberto, de
peito, sem qualquer empostação
lírica", diz ela. Opõe-se, assim, à
interpretação de "Master Class",
solo de quatro anos atrás, quando
defendia o papel da soprano Maria Callas.
"Seria petulância sonhar em
cantar como Elis Regina, Zizi Possi, Gal, Bethânia ou Elba. Não
quero atingir a perfeição", afirma.
Ela é acompanhada por cinco
músicos e dois backing vocal.
Show: Estrela Tropical
Diretor geral: Antônio Negreiros
Direção musical: Roberto Menescal
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h.; Até 22/10
Onde: teatro Renaissance (al. Santos, 2.233, Cerqueira César, tel. 0/xx/11/
3069-2233)
Quanto: R$ 50
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