São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2011

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Editor acusa ABL de boicote ideológico a Roberto Campos

José Mário Pereira, da Topbooks, diz que academia ignorou homenagem aos dez anos de morte do economista e acadêmico da ABL

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

O editor de Roberto Campos (1917-2001) acusa a Academia Brasileira de Letras de promover um boicote ideológico ao economista e diplomata, conhecido defensor do liberalismo econômico.
José Mário Pereira, da Topbooks, que editou o livro de memórias de Campos, "A Lanterna na Popa", diz que desde março propôs à ABL uma mesa-redonda para lembrar os dez anos da morte do acadêmico -completados no domingo-, mas que o pedido foi ignorado. Pereira conta que primeiro enviou uma carta para acadêmicos propondo a homenagem. Após contatos com os imortais, foi informado de que, numa reunião de diretoria, a sugestão fora vetada.
O editor relata que, ao abordar pessoalmente o assunto com o presidente da ABL, Marcos Vinicios Vilaça, este desconversou. Pereira enviou no último domingo uma dura carta a Vilaça, na qual o acusa de ter "capitulado à nomenclatura da ABL". Segundo o editor, esse tipo de homenagem é comum na casa. Na carta, ele cita recente homenagem ao centenário do historiador comunista Nelson Werneck Sodré (1911-99), que, ao contrário de Campos, não pertenceu à ABL.
Pereira não diz diretamente de quem partiu o veto, mas menciona uma conversa na qual o ex-ministro da Educação Eduardo Portella, um dos acadêmicos mais influentes da ABL, teria lhe dito que não achava tão importante homenagear Campos.
Intelectual controverso e respeitado, Roberto Campos foi um dos criadores do BNDES, participou dos governos JK e Castello Branco, foi embaixador, político e colunista da Folha. Por sua defesa do capital estrangeiro, foi apelidado de Bob Fields.
Ao tomar posse na ABL, em 1999, criticou o seu antecessor no cargo, o comunista Dias Gomes, bem como a "ridícula batalha ideológica" que marcou a campanha.

OUTRO LADO
Marcos Vilaça está em viagem à Europa. A assessoria de imprensa da ABL afirmou que não há veto ideológico a Campos e que, numa sessão interna em 24 de novembro, Merval Pereira vai homenagear o economista.
A ABL diz que não é hábito fazer tributos por dez anos de morte e que quem decide esses eventos são os acadêmicos, não os editores. José Mário Pereira afirma que trata-se de um artifício criado de última hora para amenizar a repercussão negativa do caso. Procurado, Eduardo Portella não respondeu ao recado deixado em sua residência.

Leia a íntegra da carta de Pereira a Marcos Vilaça
folha.com/no989523



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