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BRASIL 500 ANOS
Jorge Molder está em SP para selecionar obras que irão para a fundação Calouste Gulbenkian
Portugal verá o "Redescobrimento"
JULIANA MONACHESI
free-lance para a Folha
Sete artistas brasileiros de destaque nos anos 90 vão expor na fundação Calouste Gulbenkian, em
Lisboa, a partir de outubro de
2000. A exposição vai somar-se
aos dois módulos da "Mostra do
Redescobrimento" que seguirão
para Portugal depois de finalizado em São Paulo o megaevento
em comemoração aos 500 anos.
Tudo somado, essa será a maior
exposição de arte brasileira que
Portugal vai ter visto, segundo
afirmou Jorge Molder, diretor do
Centro de Arte Moderna José
Azeredo Perdigão (que integra a
Fundação Gulbenkian), em entrevista exclusiva à Folha anteontem.
Molder veio a São Paulo para
definir, com Nelson Aguilar, curador-geral da "Mostra do Redescobrimento", quais obras do módulo "Arte do Século 20" irão para
Portugal. A seleção faz-se necessária por dois motivos: seria inviável transportar todo o módulo
e há aspectos do tema que estão
contemplados em outras partes
da exposição, o que exigirá que
peças de outros módulos integrem a mostra portuguesa.
"O século 20 povoa de maneira
bastante intensa a exposição, tem
desdobramentos nos módulos
"Imagens do Inconsciente", "Arte
Afro-Brasileira" e "Arte Popular",
por exemplo", explica Nelson
Aguilar, referindo-se a três dos 11
segmentos em que a mostra, que
acontece de maio a outubro de
2000 em três edifícios do parque
do Ibirapuera, está dividida.
Para Portugal vão o módulo dedicado à arte do século 20 -que
inclui de Tarsila do Amaral a Leonilson- e o referente à arqueologia, com peças dos primeiros habitantes do Brasil. "Queríamos levar primordial e atual, alfa e ômega", diz Molder. A exposição dos
sete artistas vai ficar na sede da
fundação, junto com "Arqueologia", para criar um contraste.
Conhecido por suas fotografias
metafísicas em preto-e-branco,
principalmente retratos, Molder é
um dos artistas portugueses mais
importantes da atualidade. E dirige o setor de arte moderna da instituição que provavelmente é a
maior incentivadora das artes
plásticas no país.
Criada pelo armênio Calouste
Gulbenkian em 1956, a fundação
atua em diversas áreas em Portugal, principalmente música. O
Museu Calouste Gulbenkian surgiu em 1969 do acervo de 6.000
obras que seu fundador deixou.
"O Gulbenkian tinha um critério
absolutamente extraordinário: só
comprava a partir de uma idéia de
excelência. Tem dois dos melhores rembrants que eu conheço na
coleção", conta Molder.
Em 1983, foi criado o Centro de
Arte Moderna, primeiro espaço
de exposição permanente de arte
moderna e contemporânea em
Portugal, que tem demonstrado
grande interesse pela arte brasileira, já tendo exposto Hélio Oitica e
Sérgio Camargo, entre outros.
Atualmente está em cartaz uma
mostra de Antonio Dias.
Para Molder, a importância da
Mostra seguir para Portugal é
simbólica e criativa, devido à importância da arte brasileira. "O
que eu acho mais estimulante
nessa exposição é que há um
mundo de coisas novas a descobrir que são coisas que retomam o
paradigma de Gulbenkian."
A fundação está preparando para integrar a celebração dos 500
anos de descobrimento um festival de artes brasileiras, buscando
manifestações inovadoras. "Esse
festival vai contemplar trabalhos
de áreas que se entrecruzam, como música e imagem. Também
abarcará teatro e dança, dentro
desse espírito. Não tratamos de
arte tradicional. Interessam-nos
obras experimentais e híbridas."
O diretor do CAM afirmou que
há vários nomes sendo cogitados
para a exposição dos sete brasileiros, mas preferiu não citar nenhum até estarem definidos, decisão que também será tomada em
conjunto com Nelson Aguilar.
As preparações da Associação
Brasil 500 Anos Artes Visuais para a itinerância da "Mostra do Redescobrimento" estão bem avançadas. Depois da visita do diretor
da Fundação Gulbenkian ao país,
já está confirmada a vinda do curador do British Museum, Colin
Mc Ewan.
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