São Paulo, sexta, 13 de novembro de 1998

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Filme de Babenco chega "para incomodar as pessoas'


Estréia hoje "Coração Iluminado', produção autobiográfica do diretor que venceu o câncer; "Quero cutucar com vara curta' , diz o cineasta


JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

Hector Babenco, 52, literalmente renasceu fazendo seu novo filme, "Coração Iluminado", que estréia hoje no Brasil e dia 26 na Argentina, no Uruguai e no Chile.
"Eu achava que esse seria meu último filme. Não havia espaço em meu coração para outra coisa", disse à Folha o diretor, que na época das filmagens convalescia do transplante de medula que o livrou de um câncer linfático.
Inspirado na juventude do próprio Babenco em Mar del Plata, o filme é o primeiro feito pelo cineasta, naturalizado brasileiro, em seu país de origem, a Argentina.
Na primeira parte, o filme conta a história de amor entre Juan (Walter Quiróz) e Ana (Maria Luisa Mendonça), uma moça mais velha com problemas psiquiátricos.
Na segunda parte, Juan (Miguel Angel Solá), agora um cineasta famoso, retorna a sua cidade depois de 20 anos, para assistir à morte do pai. Procura Ana, mas acaba encontrando outra mulher, Lilith (Xuxa Lopes), com quem tem uma relação estranha e violenta.
O diretor já esperava a perplexidade que o filme tem despertado. "Eu queria incomodar as pessoas, cutucá-las com vara curta."

Folha - Como foi a recepção a "Coração Iluminado" nas pré-estréias e sessões especiais?
Hector Babenco -
Fomos muito machucados em Cannes pela imprensa brasileira, que noticiou que o filme tinha sido vaiado. De fato, na sessão para a imprensa, houve vaias. A coisa foi noticiada de tal forma que cheguei ao Brasil me sentindo derrotado de antemão. Nos dois últimos meses convivemos com a angústia de pensar que a única resposta plausível ao filme seria a vaia. E a resposta que estamos tendo é deslumbrante. As pessoas ficam tortas no final do filme.



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