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"Isso aí é exposição de lâmpada'
da Reportagem Local
"Para mim, isso aí é uma exposição de lâmpada, não é arte. Eu gosto de pintura, essas coisas. Arte,
para mim, é quadro."
É por pensar assim que a copeira
Maria da Glória do Espírito Santo
de Araújo, 49, não consegue entender por que seu antigo lustre, que
costumava iluminar sua sala de estar em Guarulhos, ficou subitamente importante.
Agora, ele está lá, pendurado no
meio de outras 72 fontes de luz, de
lampiões a velas, todas coletadas
em casa e bares da Grande São
Paulo para fazer parte da exposição do artista alemão Mischa Kuball, no primeiro andar do pavilhão da Bienal.
"Não sei explicar por que uma
coisinha tão simples está aí pendurada", suspira. Maria da Glória trabalha como copeira na própria
Bienal e sua convivência com o alemão Mischa Kuball começou por
meio do patrão dela, o curador do
evento, Paulo Herkenhoff.
"O seu Paulo disse que um alemão viria na minha casa pegar
meu lustre. Eu achei que tinha feito
alguma coisa errada, não entendi
muito bem, mas aceitei", conta.
"Ainda bem que veio um brasileiro com o gringo. Ele dizia que
queria trocar o meu lustre com um
que ele tinha trazido. E que, se eu
quisesse, ele destrocava depois."
Mas Maria da Glória já não quer
mais destrocar: "O lustre me deu
tanta sorte, conheci tanta gente,
vou sair no jornal... Acho que vou
ficar com ele. Além disso, o meu dá
para comprar em qualquer esquina. O lustre dele não: é gringo".
(IF)
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