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NOITE ILUSTRADA ERIKA PALOMINO
Barbies-Giselle invadem o verão carioca
IAIIHHHH? Feliz Ano Novo!
Pois, se você não foi, deveria ter
ido. Mas, se quiser, ainda dá tempo de ir? Aonde? Ao Rio, claro. O
réveillon foi tudo, e o povo está
vivendo de repercussão até agora.
A cidade continua funcionando,
à prova de qualquer mau humor
paulista. E, sem chuva, claro, fica
bem melhor. Não sei se é exatamente o que você queria ler aqui
agora, mas, como todo mundo
continua perguntando como foi,
a coluna de hoje resume esta temporada de verão no Rio.
AS festas. Quem ficou esperando
o réveillon do fotógrafo Mario
Testino, que segundo a boataria
(que corre solta à esta época) tinha até alugado uma casa do Niemeyer, ficou babando. Porque ele
não fez festa nenhuma. Estava ali
com um grupo de jornalistas estrangeiros mais low-profile e
manso do que nunca. Ele foi, no
réveillon, à festa chiquérrima de
Paulo Vieira, na Delfim Moreira,
que tinha até uma banheira de
ofurô nos fundos, junto aos quartos, na sala transformada simpaticamente em lounge pelo dono
da casa. A noite foi terminar às
6h30 sem nunca ter faltado
champanhe. Tipo fino mesmo. O
povo se dividiu entre o Paulo
Vieira e a da tal Regininha, na
avenida Atlântica, em Copacabana, esta com entrada cobrada, R$
50, mas com nome na porta. As
pessoas então assistiram aos fogos de lá e ficaram, numa ferveção que lembrou o pandemônio
daquele réveillon do Copacabana
Palace, do Casé, em que as paredes da suíte derreteram, lembra?
Pois na Regininha, à certa altura,
o clima estava tão selvagem que
as pessoas começaram a transar
nos quartos e nos banheiros. Daí,
dizem, baixou polícia e todo
mundo teve que sair correndo
dez andares pela escada, porque o
elevador tinha quebrado. Depois
eu ouvi uma história falando que
não era nada da polícia, não. Era
um trucón para o povo ir embora... Vai saber.
DEPOIS ainda teve o histórico
chill-out do designer Muti Randolph, num apartamento-escândalo no aterro do Flamengo, reunindo o povo que vinha de todas
as festas da cidade. E parecia uma
versão day-light do Hell's, já que a
sala é praticamente uma janela de
frente para um cartão-postal, totalmente clara e aberta, assumindo de vez o primeiro dia do ano
que chegava. E todo mundo
(acho que eram mais de 50 pessoas) dançando de óculos escuros
na pista foi uma visão. Mas não
era baderna, não, tinha bebida até
dizer chega, lista na portaria, comida e café. Tocaram o Pareto e
também o Marcão Morcerf, entre
outros, e um grande momento foi
"Tainted Love", do Marc Almond, que todo mundo cantou
bem feliz. E diz que terminou às
16h!
E teve também X-Demente, dia
29 de dezembro, na Fundição
Progresso. E Fabinho Demente
dessa vez realmente caprichou na
decoração, especialmente numa
engrenagem de ferro com o globo
de espelhos no meio, que subia e
descia sobre um queijo central,
na pista principal, onde as pessoas ficavam se dependurando,
muito divertido. E o povo sentava
em cima e fazia tipo elevador.
Grace Lesada animou, claro, e subiu (de novo) lá no último andar
da estrutura metálica e ficou fazendo dancinha, para desespero
da gente que estava lá embaixo,
morrendo de medo de ela cair.
Grace abria os braços e olhava para cima, épica. Foi um grande
momento. Outra coisa muito legal foi a ida do povo da Lôca para
a festa, ocupando uma sala inteira
da Fundição, com um ótimo
equipamento de som. E o absurdo staff do clube foi de ônibus para o Rio, todos juntos, e a fila do
banheiro era gigante e demorava
horas... E o Michael Love trocou
de roupa três vezes! E o Nenê e o
Aníbal foram de avião. E o Nenê
estava transtornado na festa, puxando os cabelos, engraçadíssimo, divertindo-se pencas. Estava
tão quente que o Julião tocou sem
camisa, em sua nova versão acid-dreads, num ótimo look e som.
Pena que a festa inteira acabou às
7h30, com a pista ainda lotada...
A White Party, de Valeria Braga,
aconteceu dia 1º num estúdio de
publicidade, acho, lá no centro. E
todo mundo ficou passado com o
preço do ingresso, pela primeira
vez R$ 60. Bom, chegando lá, um
calor, um calor! O lugar era uma
caixa preta fechada, sem ventilação, com mais de mil barbies sem
camisa, suando no mesmo ambiente. As filas para banheiro e
bebida eram quilométricas, não
havia lugar para ficar ou sentar
(só numa outra salinha, que não
tinha bar). Era para barbie mesmo, mas pelo que eu ouvi nem
elas gostaram. O DJ era um cara
que eu não consigo me lembrar
do nome de jeito nenhum, e todo
mundo odiou! Uns diziam que
ele parecia professor de matemática, outros gerente do Ponto
Frio, de camisa xadrez, barba e
barrigona. Isso nem faria diferença se não fosse o som cafonerrérrimo. Já tem e-mail aqui indicando a festa como truque do ano. E
o que o povo mais chochou: como o chão havia sido pintado,
com o calor começou a fazer uma
lama no chão, azul!, que manchou toda a roupa (branca), muitas peças de grife das finas e tudo.
Só que ninguém conseguia ir embora, claro, e teve quem ficasse lá
até as 8h. Ao final, diz que Val e
seu novo sócio subiram nos palquinhos, tiraram a blusa e mostraram para o povo o que estava
escrito em suas costas: "Thank
you". O melhor da festa: as performances e figurinos dos go-go
boys e as espadas coloridas distribuídas na pista. Melhor sorte na
próxima.
NA praia, na Farme, final da tarde
com licor Frangelico levado pelo
designer Claudio Braz; sungas e
chapéus floridos; fervelândia e
conversê. Regininha (a mesma)
fazia topless. Tinha a bicha que o
marido era produtor do show do
Jean Michel Jarre no Egito; a drag
Shena desmontada; a toalha/
lounge laranja de Sergio Tamborim; o underground paulista que
manteve o look clubber até o fim;
a Viktor Piercing de piercing; o
Pedro Garcia embrulhado em peças brancas do Copacabana Palace; a Rubineide, a Grace de lenço
na cabeça no Black Russo... Todos. Praticamente uma celebração.
E sabe como são chamadas as
barbies e neobarbies que são magras, mas têm o peito enorme?
Giselle. Como a Giselle Bundchen, claro!
E a surpresa do Rio foi mesmo
Marcão Morcerf, que conquistou
o coração dos cariocas ao tocar
no chill-out e, principalmente, no
domingão, dia 2, da Bunker, onde
segurou o povo até 6h40! É a melhor fase do Marcão, que agora
toca também nos sábados do Lov.e, antes do after-hours. Isso,
sim, é que é feliz Ano Novo!
MELHORES chill-in: os de Victor Haim em sua cobertura na Sacomã. Melhor música: Beth Orton ("Central Reservation"); melhores looks: a da bicha de neoprene na X-Demente e as calças
de Fause Haten nas barbies paulistas na White Party. Modelón
mais absurdo: o bolero de paetê
escama de peixe azul -de Felipe
Veloso, claro! Melhor dancinha: a
do Li Camargo com a bicha de
neoprene. Melhor Vogue: Caio
Gobbi e Luciano em "Express
Yourself". Uó total: ter acabado a
água nas duas festas, X-Demente
e White Party. Melhor briga: a da
semidrag com a amapô, que saíram dando kung-fu e tudo, no
meio da pista da X-Demente. Melhor tombo: na piscina do Copa.
Maior fila: a da nova Le Boy. Melhor luz: André Dumas, Bunker
94. Melhores points: o quiosque
da baiana Keka, na Lagoa; Garcia
& Rodriguez, no Leblon; o natural da Barão da Torre com a Farme; o Café Felice, na Gomes Carneiro, depois de 22h; Cosi Café,
na Garcia; o novo Restaurante
D'Hotel, no Marina All Suites,
com 45 mesas, reservas imperativas, onde os modernos trabalham; o Galeria, na Teixeira de
Melo, que agora tem noite luxo de
house aos domingos.
AMANHÃ, ainda no Rio, tem a
festa Solid, da agência de DJs
Spin, em um clube novo, o First,
na Visconde de Caravelas, 121,
Humaitá. E Dave The Drummer
na Bunker. Quinta tem noite
house de Fabinho Bill na Bunker.
POR aqui as coisas começam a se
mexer. Terça teve aniversário do
Mau Mau no Lov.e, que ligou pessoalmente para as pessoas para
convidar. Resultado: entupiu como há muito tempo não se via. E
fora a lotação, estava tudo ótimo,
e o Mau Mau tocou superbem, relaxado, umas músicas diferentes
e criativas. Pesando e descendo o
BPM, indo para a lenha e para o
funk, para a house e o tecno animado. Amanhã tem Fucked!,
noite house de Pareto no Manga
Rosa, com Gil Barbara e Marcão
Morcerf. Tem também Tony TM
como convidado de George Actv
no after Lov.e in Paradise. Vamos
lá, vamos começar de novo.
E-mail: palomino@uol.com.br
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