São Paulo, Sexta-feira, 14 de Janeiro de 2000


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NOITE ILUSTRADA ERIKA PALOMINO
Barbies-Giselle invadem o verão carioca

IAIIHHHH? Feliz Ano Novo! Pois, se você não foi, deveria ter ido. Mas, se quiser, ainda dá tempo de ir? Aonde? Ao Rio, claro. O réveillon foi tudo, e o povo está vivendo de repercussão até agora. A cidade continua funcionando, à prova de qualquer mau humor paulista. E, sem chuva, claro, fica bem melhor. Não sei se é exatamente o que você queria ler aqui agora, mas, como todo mundo continua perguntando como foi, a coluna de hoje resume esta temporada de verão no Rio.

AS festas. Quem ficou esperando o réveillon do fotógrafo Mario Testino, que segundo a boataria (que corre solta à esta época) tinha até alugado uma casa do Niemeyer, ficou babando. Porque ele não fez festa nenhuma. Estava ali com um grupo de jornalistas estrangeiros mais low-profile e manso do que nunca. Ele foi, no réveillon, à festa chiquérrima de Paulo Vieira, na Delfim Moreira, que tinha até uma banheira de ofurô nos fundos, junto aos quartos, na sala transformada simpaticamente em lounge pelo dono da casa. A noite foi terminar às 6h30 sem nunca ter faltado champanhe. Tipo fino mesmo. O povo se dividiu entre o Paulo Vieira e a da tal Regininha, na avenida Atlântica, em Copacabana, esta com entrada cobrada, R$ 50, mas com nome na porta. As pessoas então assistiram aos fogos de lá e ficaram, numa ferveção que lembrou o pandemônio daquele réveillon do Copacabana Palace, do Casé, em que as paredes da suíte derreteram, lembra? Pois na Regininha, à certa altura, o clima estava tão selvagem que as pessoas começaram a transar nos quartos e nos banheiros. Daí, dizem, baixou polícia e todo mundo teve que sair correndo dez andares pela escada, porque o elevador tinha quebrado. Depois eu ouvi uma história falando que não era nada da polícia, não. Era um trucón para o povo ir embora... Vai saber.

DEPOIS ainda teve o histórico chill-out do designer Muti Randolph, num apartamento-escândalo no aterro do Flamengo, reunindo o povo que vinha de todas as festas da cidade. E parecia uma versão day-light do Hell's, já que a sala é praticamente uma janela de frente para um cartão-postal, totalmente clara e aberta, assumindo de vez o primeiro dia do ano que chegava. E todo mundo (acho que eram mais de 50 pessoas) dançando de óculos escuros na pista foi uma visão. Mas não era baderna, não, tinha bebida até dizer chega, lista na portaria, comida e café. Tocaram o Pareto e também o Marcão Morcerf, entre outros, e um grande momento foi "Tainted Love", do Marc Almond, que todo mundo cantou bem feliz. E diz que terminou às 16h!

E teve também X-Demente, dia 29 de dezembro, na Fundição Progresso. E Fabinho Demente dessa vez realmente caprichou na decoração, especialmente numa engrenagem de ferro com o globo de espelhos no meio, que subia e descia sobre um queijo central, na pista principal, onde as pessoas ficavam se dependurando, muito divertido. E o povo sentava em cima e fazia tipo elevador. Grace Lesada animou, claro, e subiu (de novo) lá no último andar da estrutura metálica e ficou fazendo dancinha, para desespero da gente que estava lá embaixo, morrendo de medo de ela cair. Grace abria os braços e olhava para cima, épica. Foi um grande momento. Outra coisa muito legal foi a ida do povo da Lôca para a festa, ocupando uma sala inteira da Fundição, com um ótimo equipamento de som. E o absurdo staff do clube foi de ônibus para o Rio, todos juntos, e a fila do banheiro era gigante e demorava horas... E o Michael Love trocou de roupa três vezes! E o Nenê e o Aníbal foram de avião. E o Nenê estava transtornado na festa, puxando os cabelos, engraçadíssimo, divertindo-se pencas. Estava tão quente que o Julião tocou sem camisa, em sua nova versão acid-dreads, num ótimo look e som. Pena que a festa inteira acabou às 7h30, com a pista ainda lotada...

A White Party, de Valeria Braga, aconteceu dia 1º num estúdio de publicidade, acho, lá no centro. E todo mundo ficou passado com o preço do ingresso, pela primeira vez R$ 60. Bom, chegando lá, um calor, um calor! O lugar era uma caixa preta fechada, sem ventilação, com mais de mil barbies sem camisa, suando no mesmo ambiente. As filas para banheiro e bebida eram quilométricas, não havia lugar para ficar ou sentar (só numa outra salinha, que não tinha bar). Era para barbie mesmo, mas pelo que eu ouvi nem elas gostaram. O DJ era um cara que eu não consigo me lembrar do nome de jeito nenhum, e todo mundo odiou! Uns diziam que ele parecia professor de matemática, outros gerente do Ponto Frio, de camisa xadrez, barba e barrigona. Isso nem faria diferença se não fosse o som cafonerrérrimo. Já tem e-mail aqui indicando a festa como truque do ano. E o que o povo mais chochou: como o chão havia sido pintado, com o calor começou a fazer uma lama no chão, azul!, que manchou toda a roupa (branca), muitas peças de grife das finas e tudo. Só que ninguém conseguia ir embora, claro, e teve quem ficasse lá até as 8h. Ao final, diz que Val e seu novo sócio subiram nos palquinhos, tiraram a blusa e mostraram para o povo o que estava escrito em suas costas: "Thank you". O melhor da festa: as performances e figurinos dos go-go boys e as espadas coloridas distribuídas na pista. Melhor sorte na próxima.

NA praia, na Farme, final da tarde com licor Frangelico levado pelo designer Claudio Braz; sungas e chapéus floridos; fervelândia e conversê. Regininha (a mesma) fazia topless. Tinha a bicha que o marido era produtor do show do Jean Michel Jarre no Egito; a drag Shena desmontada; a toalha/ lounge laranja de Sergio Tamborim; o underground paulista que manteve o look clubber até o fim; a Viktor Piercing de piercing; o Pedro Garcia embrulhado em peças brancas do Copacabana Palace; a Rubineide, a Grace de lenço na cabeça no Black Russo... Todos. Praticamente uma celebração.

E sabe como são chamadas as barbies e neobarbies que são magras, mas têm o peito enorme? Giselle. Como a Giselle Bundchen, claro!

E a surpresa do Rio foi mesmo Marcão Morcerf, que conquistou o coração dos cariocas ao tocar no chill-out e, principalmente, no domingão, dia 2, da Bunker, onde segurou o povo até 6h40! É a melhor fase do Marcão, que agora toca também nos sábados do Lov.e, antes do after-hours. Isso, sim, é que é feliz Ano Novo!

MELHORES chill-in: os de Victor Haim em sua cobertura na Sacomã. Melhor música: Beth Orton ("Central Reservation"); melhores looks: a da bicha de neoprene na X-Demente e as calças de Fause Haten nas barbies paulistas na White Party. Modelón mais absurdo: o bolero de paetê escama de peixe azul -de Felipe Veloso, claro! Melhor dancinha: a do Li Camargo com a bicha de neoprene. Melhor Vogue: Caio Gobbi e Luciano em "Express Yourself". Uó total: ter acabado a água nas duas festas, X-Demente e White Party. Melhor briga: a da semidrag com a amapô, que saíram dando kung-fu e tudo, no meio da pista da X-Demente. Melhor tombo: na piscina do Copa. Maior fila: a da nova Le Boy. Melhor luz: André Dumas, Bunker 94. Melhores points: o quiosque da baiana Keka, na Lagoa; Garcia & Rodriguez, no Leblon; o natural da Barão da Torre com a Farme; o Café Felice, na Gomes Carneiro, depois de 22h; Cosi Café, na Garcia; o novo Restaurante D'Hotel, no Marina All Suites, com 45 mesas, reservas imperativas, onde os modernos trabalham; o Galeria, na Teixeira de Melo, que agora tem noite luxo de house aos domingos.

AMANHÃ, ainda no Rio, tem a festa Solid, da agência de DJs Spin, em um clube novo, o First, na Visconde de Caravelas, 121, Humaitá. E Dave The Drummer na Bunker. Quinta tem noite house de Fabinho Bill na Bunker.

POR aqui as coisas começam a se mexer. Terça teve aniversário do Mau Mau no Lov.e, que ligou pessoalmente para as pessoas para convidar. Resultado: entupiu como há muito tempo não se via. E fora a lotação, estava tudo ótimo, e o Mau Mau tocou superbem, relaxado, umas músicas diferentes e criativas. Pesando e descendo o BPM, indo para a lenha e para o funk, para a house e o tecno animado. Amanhã tem Fucked!, noite house de Pareto no Manga Rosa, com Gil Barbara e Marcão Morcerf. Tem também Tony TM como convidado de George Actv no after Lov.e in Paradise. Vamos lá, vamos começar de novo.

E-mail: palomino@uol.com.br


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