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BARBARA GANCIA
Carlota Joaquina vai para o trono ou não vai?
Quem tem 40 anos ou mais
há de concordar comigo: a
melhor coisa das festas de fim de
ano é o dia 2 de janeiro. Ufa!
E, como se não bastasse a bateria de estúpidos rojões que a turma do barulho insiste em disparar na noite do dia 31, ainda somos obrigados a suportar a maratona Pokémon, no Cartoon
Network.
Você nunca ouviu falar? Durante as festas, o canal de desenhos animados costuma escolher
um dia para apresentar oito horas ininterruptas de Pokémon.
Na fazenda onde passei o Réveillon, um petiz de cinco ou seis
anos embarcou na onda e, por
pouco, não teve de ser medicado
com glicose na veia.
E vá tentar tirar a criança da
frente da TV: "Olha só quem está
lá fora, a Lassie!"; "Sabe quem
veio para andar de pônei com você? O Supla e o Guga!"; "Quer conhecer os filhotes da Shamu, que
estão nadando lá na piscina?".
Nenhum argumento cola.
Para piorar, ainda choveu de
norte a sul justo no dia do festival
Pokémon. Já imaginou o que não
é tentar colocar na cama um guri
que passou o dia inteiro assistindo aos furiosos desenhos animados japoneses? É quase tão fácil
quanto convencer alguém que
acabou de fumar uma pedra de
crack a sentar para fazer meditação transcendental.
Enquanto as crianças endoidecem de um lado, do outro os adultos ganham de presente um carimbo para estampar na testa a
palavra "otário".
Por acaso o nobre leitor já topou com aquele comercial da loção Grecin 2000, em que a Vera
Fischer chama de "meu namorado" um songamonga que ninguém nunca viu mais gordo?
Alô, Grecin 2000! Então tá. Agora conta aquela do lobo mau que
passou a loção para fingir que era
a vovozinha.
Propaganda por propaganda,
ainda prefiro o esforço politicamente correto do governo Alckmin, que está usando um casal inter-racial em um comercial para
divulgar o turismo no Estado.
E o que você me diz, caro leitor,
sobre a ira dos patrícios portugueses em relação à minissérie "O
Quinto dos Infernos"? Parece que
os portugas estão tiriricas com a
abordagem que a Globo fez da
corte portuguesa.
Cá entre nós, suspeito que o
press-release que a Globo enviou
à imprensa para divulgar a série
tenha algo a ver com a encrenca.
Sinta só um trecho do texto que
a Globo me enviou: "A trama
também dará destaque à realidade político-social da época, tendo
o cuidado de retratar os contrastes entre a aparência da nobreza
e sua notória ignorância".
barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia
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