São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2002

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BARBARA GANCIA

Carlota Joaquina vai para o trono ou não vai?

Quem tem 40 anos ou mais há de concordar comigo: a melhor coisa das festas de fim de ano é o dia 2 de janeiro. Ufa!
E, como se não bastasse a bateria de estúpidos rojões que a turma do barulho insiste em disparar na noite do dia 31, ainda somos obrigados a suportar a maratona Pokémon, no Cartoon Network.
Você nunca ouviu falar? Durante as festas, o canal de desenhos animados costuma escolher um dia para apresentar oito horas ininterruptas de Pokémon.
Na fazenda onde passei o Réveillon, um petiz de cinco ou seis anos embarcou na onda e, por pouco, não teve de ser medicado com glicose na veia.
E vá tentar tirar a criança da frente da TV: "Olha só quem está lá fora, a Lassie!"; "Sabe quem veio para andar de pônei com você? O Supla e o Guga!"; "Quer conhecer os filhotes da Shamu, que estão nadando lá na piscina?". Nenhum argumento cola.
Para piorar, ainda choveu de norte a sul justo no dia do festival Pokémon. Já imaginou o que não é tentar colocar na cama um guri que passou o dia inteiro assistindo aos furiosos desenhos animados japoneses? É quase tão fácil quanto convencer alguém que acabou de fumar uma pedra de crack a sentar para fazer meditação transcendental.
Enquanto as crianças endoidecem de um lado, do outro os adultos ganham de presente um carimbo para estampar na testa a palavra "otário".
Por acaso o nobre leitor já topou com aquele comercial da loção Grecin 2000, em que a Vera Fischer chama de "meu namorado" um songamonga que ninguém nunca viu mais gordo?
Alô, Grecin 2000! Então tá. Agora conta aquela do lobo mau que passou a loção para fingir que era a vovozinha.
Propaganda por propaganda, ainda prefiro o esforço politicamente correto do governo Alckmin, que está usando um casal inter-racial em um comercial para divulgar o turismo no Estado.
E o que você me diz, caro leitor, sobre a ira dos patrícios portugueses em relação à minissérie "O Quinto dos Infernos"? Parece que os portugas estão tiriricas com a abordagem que a Globo fez da corte portuguesa.
Cá entre nós, suspeito que o press-release que a Globo enviou à imprensa para divulgar a série tenha algo a ver com a encrenca.
Sinta só um trecho do texto que a Globo me enviou: "A trama também dará destaque à realidade político-social da época, tendo o cuidado de retratar os contrastes entre a aparência da nobreza e sua notória ignorância".

barbara@uol.com.br

www.uol.com.br/barbaragancia



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