|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Modelos negros fazem protesto contra discriminação nas passarelas
CAMILA YAHN
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Na última quinta-feira, mesmo dia em que os atores Lázaro
Ramos e Taís Araújo desfilaram para a grife TNG, no Fashion Rio, cerca de 15 modelos
negros protestaram no local do
evento, descontentes com a falta de espaço no mercado.
Assim como ocorre em outras semanas de moda, nacionais e internacionais, no Fashion Rio poucos modelos estiveram nas passarelas -uma
média de um a dois por desfile.
"É preconceito mesmo. Acho
uma miopia fashion", diz Tito
Bessa Jr., dono da TNG, que,
além de Taís e Lázaro, escalou
mais seis negros para o desfile
(ao todo, eram 52 modelos) -o
maior índice do evento.
A "new face" Luana Martins,
19, também acha que o preconceito é o principal motivo para
a exclusão de negros nas passarelas. ""Tem produtor que nem
olha na minha cara. Já fui ignorada por algumas pessoas do
meio", afirma. Luana fez testes
para quatro desfiles no Fashion
Rio e pegou apenas dois.
Muita gente culpa as agências de modelos pela pouca presença de negros nas passarelas.
Para Laura Vieira, diretora da
Ten Model, que conta com seis
negras em seu casting, "muitas
vezes, as negras são lindas, mas
suas formas físicas mais privilegiadas não se enquadram no
padrão fashion". Laura diz que
sempre leva negras aos testes
de seleção, mas elas raramente
são escolhidas pelos estilistas.
Segundo Zeca Abreu, da Way
Model, o mercado publicitário
não se interessa pelos negros, o
que acaba influindo nas passarelas. "Há uma desigualdade
social absurda, e o mercado não
é dirigido à comunidade negra.
Se a gente tivesse demanda de
clientes requisitando modelos
negros, nosso casting também
seria bem maior [de 100 modelos, três são negras]. É a lei da
oferta e da procura", diz.
Texto Anterior: Redley e TNG tiram Fashion Rio do tédio Próximo Texto: "Lost" estréia pela metade nos EUA Índice
|