São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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RELÂMPAGOS
O aceno

JOÃO GILBERTO NOLL

De minha janela avisto diariamente um banhista na lagoa. Nos acenamos sempre, quase maquinalmente, eu diria. Pergunto-me se já nos conhecemos em algum outro lugar. O certo é que, eu na janela, e ele imerso nas águas até o peito, nos acenamos. Um dia desço, vou até lá saber quem é esse banhista. Mas para quê? Para que encontrá-lo de perto, decifrável, nitidamente adoentado ou sadio, pronto para minha curiosidade beber e digerir... Prefiro essa mancha que me acena cercada de água, vaga ilha fiel, que não me provoca idéias, associações, ali, tão só a gerar sua própria imagem, concisa, informe, inacabada.



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