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RELÂMPAGOS
O aceno
JOÃO GILBERTO NOLL
De minha janela avisto
diariamente um banhista na
lagoa. Nos acenamos sempre, quase maquinalmente,
eu diria. Pergunto-me se já
nos conhecemos em algum
outro lugar. O certo é que,
eu na janela, e ele imerso nas
águas até o peito, nos acenamos. Um dia desço, vou até
lá saber quem é esse banhista. Mas para quê? Para que
encontrá-lo de perto, decifrável, nitidamente adoentado ou sadio, pronto para
minha curiosidade beber e
digerir... Prefiro essa mancha que me acena cercada
de água, vaga ilha fiel, que
não me provoca idéias, associações, ali, tão só a gerar
sua própria imagem, concisa, informe, inacabada.
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