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CINEMA ESTRÉIAS
Grande virada estraga ``Jerry Maguire''
MARIANE MORISAWA
da Redação
``Jerry Maguire - A Grande Virada'', que estréia hoje, começa como comédia. Tom Cruise interpreta o papel-título, um agente esportivo de muito sucesso que trabalha
loucamente.
Frio e forçado -fingido até-,
percebe um dia que é apenas um
``tubarão de terno''. Fica chocado
quando um de seus clientes nega
um autógrafo a uma criança porque o ``card'' que ela portava não
era de seu patrocinador.
E resolve mudar sua vida quando
o filho de um jogador seriamente
contundido implora que Maguire
peça a seu pai para parar de jogar.
Escreve, em uma noite de febre,
um memorando em que prega um
tratamento mais pessoal a cada um
de seus clientes -só que, para isso, é necessário ter menos jogadores sob sua responsabilidade.
Resultado? É demitido, claro. E
tenta se recuperar, contando com
a ajuda do desmiolado jogador de
futebol Rod Tidwell (Cuba Gooding Jr.) e de Dorothy Boyd (Renee
Zellweger), única a deixar a empresa para acompanhá-lo.
E, quando uma garota entra no
meio, em filme de Tom Cruise, um
romance vai acontecer. E ``Jerry
Maguire'', a partir daí, deixa de ser
uma comédia e vira comédia romântica.
Dorothy é viúva, tem 26 anos e
um filhinho, Ray (Jonathan Lipnicki). É bonita, doce e compreensiva -um sonho, enfim.
Mas ela é boa demais para Maguire, que sofre de um problema:
não suporta a intimidade. Seus relacionamentos, profissionais ou
pessoais, ficam sempre na superfície. Mas, mais uma vez, uma criança pode mudar a vida de Jerry.
A partir do ponto em que o filme
vira romance, a graça migra das
desventuras de Maguire e de seu
affair para os coadjuvantes.
Cuba Gooding Jr. e Regina King
(Marcee, a mulher de Tidwell) formam um casal romântico, mas engraçadíssimo; Bonnie Hunt (Laurie, irmã de Dorothy) enche de ironia e sarcasmo a história.
E não poderia faltar um garotinho esquisito, que dá um toque de
humor infantil.
A culpa de a ação ficar nas mãos
dos papéis secundários não é dos
personagens ou dos atores. Pelo
contrário. São eles que seguram o
filme.
Jerry -indeciso sobre seus sentimentos, ambicioso, às vezes
mau, muitas vezes bom- pode ser
encontrado por aí. Também existem a mulher compreensiva, a irmã que dá palpite em tudo.
Os intérpretes são o ponto forte.
Tom Cruise prova que melhorou
ao longo dos anos. Renee Zellweger é uma das revelações do ano.
Cuba Gooding Jr., que já mostrara
talento em ``Boyz'n the Hood'', dá
um show como o exagerado Tidwell. E Bonnie Hunt consegue destacar um papel pequeno.
E, por isso, as indicações de Gooding Jr. e Cruise são merecidas.
Cruise tem boas chances -ganhou o Globo de Ouro e é homem
da indústria, o primeiro na história a fazer cinco filmes em seguida
com renda superior a US$ 100 milhões (``Questão de Honra'', ``A
Firma'', ``Entrevista com o Vampiro'', ``Missão Impossível'' e
``Jerry Maguire'').
O problema de ``Jerry Maguire''
é a tal ``grande virada''. Talvez ela
seja grande demais. E, por esse
motivo, indicar a produção dirigida por Cameron Crowe a melhor
filme do ano é um pouco demais.
Ainda mais quando ``Ondas do
Destino'' e outros muitos ficaram
de fora. Coisas da Academia.
Filme: Jerry Maguire
Produção: EUA, 1996
Direção: Cameron Crowe
Com: Tom Cruise, Renee Zellweger
Quando: a partir de hoje, nos cines Metro
2, Paulista 2, Eldorado 1 e circuito
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