São Paulo, sexta, 14 de fevereiro de 1997.

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TV PAGA
`Casablanca' perde a alma no canal USA

da Redação

"Havana" (USA, 21h30 e 3h30) é uma curiosa tentativa de reencontrar "Casablanca" em 1990. Ou antes, no fim dos anos 50, no momento em que a Revolução Cubana alçava vôo.
Tempo a calhar para Robert Redford fazer um aventureiro disposto a enriquecer nos cassinos locais. Como se apaixona pela mulher de um revolucionário, as coisas se complicam.
"Havana" ajuda a descobrir que o encanto de "Casablanca" vem, até hoje, do fato de apreender uma série de fatos no chamado calor da hora. O nazismo, o Marrocos misterioso, a França de Vichy, a tensão entre o combate coletivo à barbárie e o individualismo -tudo isso pode ter sido reconstituído em estúdio, mas a apreensão era imediata, sem cálculo.
"Casablanca" não se ocupava de um fato histórico, pelo simples fato de que a história estava se fazendo naquele momento.
"Havana", ao contrário, volta no tempo, e em parte por isso o filme não tem qualquer calor. Jogadores, revolucionários, contra-revolucionários são todos convenções sobre os quais, de quebra, pesa a sombra de "Casablanca".
Se "Casablanca" participa do mito da Resistência, "Havana" se faz à margem do mito. Não é de esquerda, nem de direita. É burocrático e invertebrado. (IA)

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