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CINEMA
DiCaprio causa furor em sua aparição para divulgar "A Praia", seu novo filme, no festival alemão
"Leomania" invade ruas de Berlim
AMIR LABAKI
enviado especial a Berlim
Leonardo DiCaprio, 25, afinal
veio, viu -e venceu. Pouco importa que seu novo filme, "A
Praia", que estréia na próxima
sexta no Brasil, esteja sendo espancado pela crítica e cheire a fracasso. O evento não é o filme. O
evento é DiCaprio.
Uma crescente multidão de
adolescentes instalou-se desde a
manhã de sábado na Praça Marlene Dietrich, em torno do Berlinale
Palast, à espera do astro de "Titanic". DiCaprio, cuja presença só
foi confirmada na última hora,
não decepcionou. Compareceu
tanto à entrevista coletiva do início da tarde, após da sessão de imprensa que visitou friamente "A
Praia", quanto à projeção oficial
noturna, na mostra competitiva.
Os jornais locais exageraram
um pouco, falando em mais de
mil pessoas. A aglomeração, porém, bateu longe a da noite de
abertura, com Wim Wenders,
Bono Vox e Milla Jovovich.
A mídia ajudou a disseminar a
"leomania": um diário popular
local ofereceu mil marcos (quase
o mesmo em reais) para a jovem
que conseguisse driblar a germânica segurança e beijar o ídolo.
Ninguém conquistou o prêmio.
DiCaprio esbanjou simpatia e
autocontrole na entrevista. O encontro começou mais parecendo
outra convenção de tietes de DiCaprio.
Chegaram a perguntar-lhe se
havia badalado muito na noite
anterior e se havia mesmo fumado maconha durante as filmagens, dadas suas sequências com
baseados no filme.
Até o diretor do festival, Moritz
de Hadeln, interveio por duas vezes. Pediu silêncio aos fotógrafos
e, depois, perguntas para os outros integrantes da mesa. Ninguém lhe deu ouvidos.
DiCaprio reconheceu não ter
"controle sobre tudo isto". "Esta
imagem é diferente de mim. Acredito que o que fica serão os filmes
que fiz e os desempenhos que tive", ponderou. "Quando tudo isso passar, espero, daqui a 20, 30
anos, estar orgulhoso do que fiz."
DiCaprio não pôde se furtar de
comentar o megasucesso de "Titanic" (1997), de James Cameron.
"Foi mesmo uma grande guinada
para mim. Era diferente do tipo
de filmes que vinha fazendo. Mas,
como um ator jovem, quero manter-me aberto para tanto gêneros
(de filmes) quanto possível."
Por que "A Praia", baseado no
romance best seller de Alex Garland? "Lendo o livro, me identifiquei com o personagem", explicou DiCaprio. "Richard é um produto de minha geração."
"Ele me fascinou pois faz parte
da revolução digital", detalhou.
"Richard foi tão impressionado
pela TV, videogames etc. que não
desenvolveu relações emocionais
com ninguém. Tenta apenas a zona confortável do turismo."
O diretor de "A Praia", Danny
Boyle ("Trainspotting"), lembrou
que tudo começou em outro festival. "Nos encontramos em Cannes e nos demos bem. Quando
decidi transformar em americano
o personagem criado por Garland, logo pensei nele."
Boyle reagiu à classificação do
filme como sua primeira grande
aventura no cinema americano.
"Não é um filme de Hollywood. É
um filme internacional, com gente de outros países."
Mas a última palavra coube à
atriz britânica Tilda Swinton
("Orlando"), a líder da comunidade neo-hippie de "A Praia". Ao
ser apresentada, Swinton fora a
única mais aplaudida que DiCaprio. Indagada sobre o trabalho
com o jovem ator, foi no ponto:
"Leo é um fenômeno interessantíssimo. Achei curioso acompanhá-lo de perto -mesmo que
ninguém saiba onde isso vai dar."
O jornalista Amir Labaki viaja a convite da
organização do festival
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