São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2000


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CINEMA
DiCaprio causa furor em sua aparição para divulgar "A Praia", seu novo filme, no festival alemão
"Leomania" invade ruas de Berlim

AMIR LABAKI
enviado especial a Berlim

Leonardo DiCaprio, 25, afinal veio, viu -e venceu. Pouco importa que seu novo filme, "A Praia", que estréia na próxima sexta no Brasil, esteja sendo espancado pela crítica e cheire a fracasso. O evento não é o filme. O evento é DiCaprio.
Uma crescente multidão de adolescentes instalou-se desde a manhã de sábado na Praça Marlene Dietrich, em torno do Berlinale Palast, à espera do astro de "Titanic". DiCaprio, cuja presença só foi confirmada na última hora, não decepcionou. Compareceu tanto à entrevista coletiva do início da tarde, após da sessão de imprensa que visitou friamente "A Praia", quanto à projeção oficial noturna, na mostra competitiva.
Os jornais locais exageraram um pouco, falando em mais de mil pessoas. A aglomeração, porém, bateu longe a da noite de abertura, com Wim Wenders, Bono Vox e Milla Jovovich.
A mídia ajudou a disseminar a "leomania": um diário popular local ofereceu mil marcos (quase o mesmo em reais) para a jovem que conseguisse driblar a germânica segurança e beijar o ídolo. Ninguém conquistou o prêmio.
DiCaprio esbanjou simpatia e autocontrole na entrevista. O encontro começou mais parecendo outra convenção de tietes de DiCaprio.
Chegaram a perguntar-lhe se havia badalado muito na noite anterior e se havia mesmo fumado maconha durante as filmagens, dadas suas sequências com baseados no filme.
Até o diretor do festival, Moritz de Hadeln, interveio por duas vezes. Pediu silêncio aos fotógrafos e, depois, perguntas para os outros integrantes da mesa. Ninguém lhe deu ouvidos.
DiCaprio reconheceu não ter "controle sobre tudo isto". "Esta imagem é diferente de mim. Acredito que o que fica serão os filmes que fiz e os desempenhos que tive", ponderou. "Quando tudo isso passar, espero, daqui a 20, 30 anos, estar orgulhoso do que fiz."
DiCaprio não pôde se furtar de comentar o megasucesso de "Titanic" (1997), de James Cameron. "Foi mesmo uma grande guinada para mim. Era diferente do tipo de filmes que vinha fazendo. Mas, como um ator jovem, quero manter-me aberto para tanto gêneros (de filmes) quanto possível."
Por que "A Praia", baseado no romance best seller de Alex Garland? "Lendo o livro, me identifiquei com o personagem", explicou DiCaprio. "Richard é um produto de minha geração."
"Ele me fascinou pois faz parte da revolução digital", detalhou. "Richard foi tão impressionado pela TV, videogames etc. que não desenvolveu relações emocionais com ninguém. Tenta apenas a zona confortável do turismo."
O diretor de "A Praia", Danny Boyle ("Trainspotting"), lembrou que tudo começou em outro festival. "Nos encontramos em Cannes e nos demos bem. Quando decidi transformar em americano o personagem criado por Garland, logo pensei nele."
Boyle reagiu à classificação do filme como sua primeira grande aventura no cinema americano. "Não é um filme de Hollywood. É um filme internacional, com gente de outros países."
Mas a última palavra coube à atriz britânica Tilda Swinton ("Orlando"), a líder da comunidade neo-hippie de "A Praia". Ao ser apresentada, Swinton fora a única mais aplaudida que DiCaprio. Indagada sobre o trabalho com o jovem ator, foi no ponto: "Leo é um fenômeno interessantíssimo. Achei curioso acompanhá-lo de perto -mesmo que ninguém saiba onde isso vai dar."


O jornalista Amir Labaki viaja a convite da organização do festival


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