São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 2001

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FESTIVAL DE BERLIM

Brasileiros estréiam com "Latitude Zero"

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM BERLIM

Estreou ontem, em Berlim, "Latitude Zero", de Toni Venturi, o primeiro filme de longa-metragem brasileiro exibido nesta 51ª edição do Festival Internacional de Cinema, a Berlinale.
"Latitude Zero" é baseado numa peça inédita do escritor e colunista da Folha Fernando Bonassi, chamada "As Coisas Ruins da Nossa Cabeça".
"Queria fazer um filme de ator e achei essa peça para adaptar", disse Toni Venturi, 45, para uma platéia de cerca de 600 pessoas presentes à exibição.
O filme conta com apenas dois atores, Débora Duboc e Cláudio Jaborandy, e uma única locação: um bar de beira de estrada, perto de um garimpo abandonado no Mato Grosso.

Terra de ninguém
As duas personagens relacionam-se, enquanto alguns poucos caminhões passam pelo local, sem parar.
Débora Duboc faz o papel de Lena, a dona do bar, uma mulher solitária, áspera, às vezes de comportamento animalesco. Abandonada por um coronel paulista, chamado Mattos, está grávida de oito meses.
Expulso da PM e procurado pela Justiça, Vilela (Jaborandy) aparece no bar. Enviado por Mattos, tenta conquistar a confiança de Lena.
O filme mostra a relação dos dois em plena "terra de ninguém", variando entre o otimismo e o desespero, acentuado, no final, por um choro intermitente de bebê.
"O filme é mais lírico do que a peça, muito mais forte e violenta", afirmou Venturi, ao comentar as diferenças em relação à obra de Bonassi.

Quatro brasileiros
Primeiro filme de enredo de Toni Venturi (autor, entre outros, do documentário "O Velho, a História de Luiz Carlos Prestes"), "Latitude Zero" ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no ano passado.
O filme de Venturi é uma das quatro produções brasileiras que participam da Berlinale deste ano, fora da competição oficial.
Hoje, é a vez de "Memórias Póstumas", filme de André Klotzel, estrear em Berlim, dentro da seção Panorama -a mais abrangente do festival, com mais de 40 produções.
O curta-metragem "O Branco", de Ângela Pires e Liliana Sulzbach, concorrerá na seção de filmes infantis.


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