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MÚSICA
Para holandês, que toca hoje em São Paulo, trance "parou no tempo"
Considerado o melhor DJ do mundo, Tiësto prega evolução
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Todo ano a revista britânica "DJ
Mag" publica a relação dos "cem
melhores DJs do planeta", a partir
de pesquisa com leitores. Polêmica, a lista gera reclamações de praticamente todos os lados (artistas,
selos, jornalistas, fãs...). Provavelmente o único satisfeito com o resultado é o holandês Tiësto. Em
2003, ele apereceu no topo pela
segunda vez consecutiva.
O fato nem chega a ser surpresa
grande. Tiësto é o mais conhecido
nome do trance, o mais popular
gênero da eletrônica.
De sonoridade melódica, viajante, acessível, menos "agressivo" do que o tecno e o
drum'n'bass, por exemplo, o
trance vai adquirindo adeptos na
mesma proporção em que é criticado por seu caráter "comercial"
e por não apresentar nada novo
há anos. O curioso é que o próprio
Tiësto concorda com as afirmações. "O trance realmente parou
no tempo há pelo menos cinco
anos. Mas a minha música continua evoluindo", defende-se o DJ e
produtor de 35 anos.
Autor de vários discos de mixagens e de um álbum solo, "In My
Memory", de 2001, Tiësto está no
Brasil para se apresentar dentro
do campeonato de DJs Heineken
Thirst. Ontem, tocaria no Rio; hoje, em São Paulo. Ele conversou
com a Folha, por telefone, dos
EUA, sobre as críticas ao trance e
o futuro após ser escolhido como
o melhor do mundo.
Folha - Você é dos DJs que mais
viajam pelo mundo. Em um ano,
quanto tempo consegue ficar em
sua casa?
Tiësto - Estive "mais ou menos"
em casa nos último quatro meses,
pois toquei apenas na Europa.
Então dava para voar para a Holanda após as apresentações.
Folha - A dance music em geral
ainda não caiu no gosto americano,
mas você é muito popular por lá,
não? O mercado dos EUA é muito
importante para você?
Tiësto - Muita gente nos EUA
não conhece música eletrônica,
então ainda é um gênero underground por lá, o que é bom. Na
Inglaterra há muita coisa comercial, está sempre nas rádios, na televisão, nas paradas. As pessoas lá
parecem meio entediadas, já. Nos
EUA você pode tocar qualquer
hit, pois ainda será uma novidade.
Folha - Você foi eleito o DJ número um do mundo. Você concorda? O
título é importante para você?
Tiësto - É um prêmio importante, para a música eletrônica é como um Oscar. Quem não ganha
diz que não é importante, claro,
mas eu acho que é. Uma vez por
ano dá para medir a popularidade
e a importância de um DJ. Estou
lá porque lancei muitas músicas,
muitos remixes, toquei bastante...
Folha - Por que o público gosta
tanto de você?
Tiësto - Porque quando toco,
mais ou menos 70% das músicas
são feitas ou remixadas por mim,
é como uma apresentação de um
artista. O Brasil é um bom exemplo: nunca toquei aí; as pessoas
me conhecem pelas músicas que
faço, e não pelos meus sets.
Folha - O trance é muito popular
no mundo todo. Qual é o grande
apelo desse tipo de música?
Tiësto - As pessoas gostam de
melodias, e o trance é melódico,
para cima. E também porque
quando as pessoas saem elas querem esquecer seus problemas, se
divertir, e o trance é divertido, feliz, perfeito para se tocar num clube. O drum and bass também é legal, mas acho que é para se escutar em casa ou no carro. Não conseguiria dançar d'n'b.
Folha - Mas muitos DJs e produtores de outros estilos dizem que o
trance parou no tempo, que não
evolui, que é comercial...
Tiësto - Concordo com isso, é
verdade. Mas não com a minha
música. Sempre trago novas melodias, novos elementos nas minhas produções. Mas você está
certo, muitos DJs e produtores estão fazendo a mesma coisa há cinco anos. Mas isso acontece também com a house. Os discos de
house hoje soam como os feitos
há dez anos atrás. No geral, somente alguns DJs e produtores
inovam, o resto apenas vai atrás.
Folha - Sendo o DJ número um do
mundo, tendo tocado em praticamente todos os lugares, você chegou ao topo. Para onde você quer
seguir agora?
Tiësto - Acho que agora só posso
ir para baixo... Sem brincadeiras,
eu quero lançar outros álbuns, estou terminando meu segundo
agora [será lançado em maio], tocarei nos festivais europeus de verão... Não sei como será no futuro.
Talvez em cinco anos eu seja mais
um produtor do que um DJ.
HEINEKEN THIRST. Festa com os DJs
Tiësto, Smokin Jo, Miss Motif, Mau Mau e
outros. Onde: hotel Unique (av. Brig. Luís
Antônio, 4.700, São Paulo). Quando:
hoje, a partir das 22h. Quanto: de R$ 80 a
R$ 120 (todos esgotados).
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