São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

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"TALK SHOW"

Cláudia Abreu enfrenta Domingos Oliveira

DA REPORTAGEM LOCAL

Um tête-à-tête com o diretor Domingos Oliveira, dono de uma argúcia sedutora, é desafio para qualquer interlocutor. Mais ainda para uma interlocutora, quando a conversa olho no olho é a chave do programa "Todas as Mulheres do Mundo", que ele dirige.
No encontro com Oliveira que irá ao ar amanhã pelo Canal Brasil, a atriz Cláudia Abreu parece cair numa cilada, à primeira vista.
Ela se intimida e escapa com dificuldade das perguntas muito diretas de Oliveira -"Você sempre foi bonita desse jeito?", "Você se sente sedutora?", "O que eu significo para você?".
Longe do cabotinismo, Cláudia se aproxima dos lugares-comuns. Fala do efeito liberador que é poder viver na ficção uma vida que não a sua. Para descrever a eterna insatisfação do "sujeito faltoso" que é cada um, usa a imagem da "ressaca" pós-sucesso.
Enquanto isso, Oliveira destila as frases mais cativantes sobre as relações cotidianas, como a seguinte: "Nunca seduzi ninguém. Tudo o que fiz foi oferecer o meu amor, charmosamente".
A conversa avança, e o espectador começa a pensar que, de uma atriz com tão pronunciado talento, esperava-se repertório mais vasto para um diálogo desses.
Mas talvez não seja essa a impressão correta. Uma observação mais detida do diálogo pode mudar a configuração do jogo.
Apesar dos sinais externos de timidez (leva sempre a mão à boca) e dos artifícios para atrair (suspende a toda hora os cabelos com os dedos), Claúdia parece brincar de "o quereres" com Oliveira, talvez não deliberadamente.
Quando ele diz que a fidelidade é "antinatural", ela sorri e aquiesce. Mas afirma que, na relação a dois, considera a cumplicidade mais importante do que o sexo e diz que "é adorável estar casada [com o diretor José Henrique Fonseca]". Onde ele quer tortura, ela é mansidão. A eloqüência nem sempre é o melhor discurso. (SILVANA ARANTES)

Todas as Mulheres do Mundo - Com Cláudia Abreu
Quando:
amanhã, às 22h, no Canal Brasil


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