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Comida
Irã multicolor
Nova casa de Carla Pernambuco, Studio 768 terá noite dedicada à cozinha persa, com ingredient es como o açafrão iraniano e uma fruta chamada barberry
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Custa um pouco desassociar
o Irã daquela imagem perpetuada anos a fio de um país
imerso em guerras. Quanto
mais pensar em um Irã multicolorido. À mesa, porém, essa
face vivaz é a melhor expressão.
Foi pensando em mostrar esse outro lado do Irã que os chefs
Carla Pernambuco e Carlos Siffert escolheram a cozinha persa para dar início a uma série de
jantares temáticos do Studio
768, uma espécie de Carlota em
versão reduzida, que fica em
frente ao restaurante paulistano (rua Sergipe, 768, Higienópolis). Cozinha persa é como
costuma ser chamada aquela
praticada no Irã, isso porque,
até 1935, os ocidentais se referiam ao país como Pérsia.
Os jantares, para apenas 25
pessoas, acontecerão na última
semana de cada mês e terão
sempre um chef convidado. "A
idéia é resgatar e conhecer melhor várias culinárias do mundo", diz Carla.
O jantar dedicado à cozinha
persa acontece no próximo dia
29 e custará R$ 250 (reservas
pelo tel. 0/xx/11/3663-0911). O
valor inclui uma seqüência de
mezzes (aperitivos), quatro
pratos e duas sobremesas, todos harmonizados com vinhos.
Os participantes receberão
uma apostila com as receitas e
poderão, se quiserem, acompanhar a preparação delas.
Açafrão e barberries
Dois acontecimentos reforçaram em Carla e Siffert a vontade de mergulhar na milenar
cozinha persa. O primeiro deles
foi uma caixa de açafrão iraniano que a chef do Carlota ganhou de um primo diplomata
que vive em Teerã, capital do
país. O outro foi uma viagem
que os dois fizeram para Nova
York, cidade onde há muitos
imigrantes iranianos. Entre os
ingredientes que trouxeram de
lá, estão as barberries, frutinhas avermelhadas comumente consumidas secas.
O flerte de Siffert, chef do
Tambor, com a cozinha persa
começou há mais de 15 anos e
se deu por meio de um dos pratos mais emblemáticos do país,
o arroz. Arroz? Sim, se aqui o
grão é trivial demais, no Irã ele
é devidamente reverenciado.
"Os iranianos são superorgulhosos do arroz, de grão bem fininho e longo", diz o chef.
Fora o fato de ser combinado
com ervas, frutas, carnes e
manteiga, o que faz do arroz
persa um prato especial é a técnica de preparo, que inclui várias etapas: 1) lavá-lo várias vezes; 2) cozinhá-lo como se fosse
um macarrão; 3) escorrê-lo; 4)
levá-lo ao fogo com manteiga.
E o arroz persa guarda ainda
outra particularidade: o tah dig,
uma casquinha crocante formada no fundo da panela. "Os
iranianos dão essa crostinha ao
convidado de honra. É dourada,
não queimada", diz Siffert.
Há na cozinha persa, dizem
os chefs, uma característica que
lembra a tailandesa: a mistura
de cores e sabores. Um dos gostos mais importantes é o ácido,
do qual fazem parte ingredientes como as barberries, as romãs, o tamarindo e o limão. Já
os ingredientes que têm um toque de amargor, como as favas,
as pétalas de rosa e as nozes,
ajudam a equilibrar os sabores
ácidos e doces. Entre os adocicados, contrastados com os
amargos e os azedos, estão o
mel e as frutas. As notas herbais
são conferidas por hortelã, dill
e estragão. O toque de especiaria é dado por açafrão, cardamomo e nigella -uma sementinha negra (vem daí o nome da
apresentadora Nigella Lawson,
por causa dos cabelos escuros).
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