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ANÁLISE
Ator abriu as portas para artistas negros
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
A cena mais marcante da carreira de Sidney Poitier acontece em "No Calor da Noite"
(1967), de Norman Jewison.
Interpretando um policial
chamado Virgil Tibbs, Poitier
interroga um poderoso senhor
de terras do Mississippi, Eric
Endicott (Larry Gates) sobre
um assassinato. O racista Endicott, sentindo-se humilhado,
dá um tapa na cara de Tibbs.
A reação é imediata: Tibbs
devolve o tabefe, mais forte ainda. "Aquele tapa valeu por mil
marchas contra o racismo", disse, quase 30 anos mais tarde,
Rod Steiger, que levou Oscar de
melhor ator pelo filme. "Foi um
choque. Ninguém havia visto
uma cena daquelas no cinema."
O curioso é que o revide não estava no roteiro e só foi incluído
por exigência de Poitier.
No meio do caos social e dos
conflitos raciais que sacudiam
a América no fim dos anos 60, o
tapa de Tibbs ecoou forte e fez
de Poitier um ícone do movimento negro. Ali estava um sujeito fino e elegante, mas que
não levava desaforo para casa.
Primeiro ator negro a ganhar
um Oscar (por "Uma Voz nas
Sombras", 1963), Poitier abriu
as portas de Hollywood para
um sem número de atores negros. Sua influência é enorme e
sua carreira, brilhante, como
atestam "Ao Mestre com Carinho" (1967), "Adivinhe quem
vem para Jantar" (1967) e tantos outros ótimos filmes.
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