São Paulo, domingo, 14 de fevereiro de 2010

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ANÁLISE

Ator abriu as portas para artistas negros

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

A cena mais marcante da carreira de Sidney Poitier acontece em "No Calor da Noite" (1967), de Norman Jewison.
Interpretando um policial chamado Virgil Tibbs, Poitier interroga um poderoso senhor de terras do Mississippi, Eric Endicott (Larry Gates) sobre um assassinato. O racista Endicott, sentindo-se humilhado, dá um tapa na cara de Tibbs.
A reação é imediata: Tibbs devolve o tabefe, mais forte ainda. "Aquele tapa valeu por mil marchas contra o racismo", disse, quase 30 anos mais tarde, Rod Steiger, que levou Oscar de melhor ator pelo filme. "Foi um choque. Ninguém havia visto uma cena daquelas no cinema." O curioso é que o revide não estava no roteiro e só foi incluído por exigência de Poitier.
No meio do caos social e dos conflitos raciais que sacudiam a América no fim dos anos 60, o tapa de Tibbs ecoou forte e fez de Poitier um ícone do movimento negro. Ali estava um sujeito fino e elegante, mas que não levava desaforo para casa.
Primeiro ator negro a ganhar um Oscar (por "Uma Voz nas Sombras", 1963), Poitier abriu as portas de Hollywood para um sem número de atores negros. Sua influência é enorme e sua carreira, brilhante, como atestam "Ao Mestre com Carinho" (1967), "Adivinhe quem vem para Jantar" (1967) e tantos outros ótimos filmes.


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