São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2001

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MODA

Louis Vuitton remixa estilo russo com luxo contido

Reuters
Look da Louis Vuitton, um mix de influências do estilo russo de se vestir, preparado pelo estilista Marc Jacobs para a temporada uotono-inverno 2001/2002-


ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

A Louis Vuitton fez o melhor desfile de anteontem na temporada do prêt-à-porter de outono-inverno 2001/2002. O estilista norte-americano Marc Jacobs fez para a marca um megamix de influências do estilo russo de se vestir no frio e trouxe silhuetas contemporâneas e materiais únicos, com feminilidade, glamour e riqueza apropriados para o atual momento da moda, contido.
A paleta era prioritariamente cinza e preta, com o elegante creme como contraponto, brincando com detalhes como botões de mink, chapéus de pele de castor gigantes, bolinhas em estampas de meias e estampas de aro. Sóbrio, sim, mas caro.
A melhor forma era a do vestido de cintura levantada e saia abaulada, mais curto, em cashmere dublado. Os casacos em estilo militar, russo, emprestavam severidade ao clima da coleção, que economizou na apresentação dos acessórios -poucas bolsas, pequenas, botas império com abotoamento lateral e sapatos de tiras meio sapatilha.
O belga Olivier Theyskens arrastou a turba fashion para Bercy e não decepcionou aqueles que o querem no lugar de Alexander McQueen na Givenchy. Fez uma coleção escura, em que casacos viram saias, e vestidos são forrados de pele. Microshorts fetichistas e muito cetim quebram a nova elegância do estilo de Theyskens.
No mesmo dia, mas de manhã, o brasileiro Icarius fez sua segunda apresentação na temporada de Paris. Incorreu em alguns erros e, portanto, perdeu alguns pontos na construção de seu nome internacional. Suzy Menkes estava lá, mas ninguém tem muito tempo a perder, e ele poderá ter problemas na próxima estação. Icarius escolheu como tema um salão de beleza, desdobrando suas queixas ao sistema da moda e da estética.
"Tem uma coisa de crítica, mas de modo poético. Vão falar que é Mugler", falou o estilista antes do desfile, enquanto enfaixava com gaze a pernas de uma modelo.
De fato, os melhores momentos do desfile -jaquetas geometricamente construídas- lembravam os 80 de Thierry Mugler, mas nem era esse o problema. Icarius continua a meramente rasgar tecidos para seus vestidos, o que empresta um tom de amadorismo e de falta de acabamento/tempo para criar. Funcionam melhor as estampas de salão dos anos 50 e o trabalho de materiais como os tecidos com batom e pó compacto.
A marca italiana Costume National desfilou também anteontem, mostrando seus looks urbanos e "edgy" em preto, com muito couro desenhando as silhuetas em luvas 7/8 e botas altas, em cintos largos marcando a cintura. Apareceram também blusas de renda com terninhos, em efeito vitoriano/Robin Hood.


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