São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2001

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SHOW

Veterano grupo punk, "pai" de Offspring e Green Day, vem pela quarta vez
Banda "brasileira" Bad Religion faz show em SP

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Como é esse Credicard Hall? O lugar é novo. Esse não conheço."
Não. A frase acima não é de alguém como Max Cavalera, roqueiro brasileiro que mora no exterior há tempos, quase nunca vem ao país e quer saber das novidades na pátria amada.
A curiosidade pela casa de shows paulistana é de Greg Graffin, cantor e líder da veterana banda punk californiana Bad Religion, que se apresenta hoje em São Paulo na abertura da turnê brasileira.
Graffin, que falou à Folha por telefone da Califórnia, demonstra a intimidade de quem conhece bem estes lados do planeta.
"Seu país é nossa segunda casa. Posso dizer até que o Brasil é o país oficial do Bad Religion. E não é por causa da coincidência do BR", diz Graffin.
O "brasileiro" Greg Graffin tem certa razão no que fala. Esta é a quarta vez que a importante banda punk anciã toca aqui em pouco mais de quatro anos, sempre com shows lotados e badalação das rádios de rock, mais até do que nos concertos do grupo nos EUA.
"Temos nosso público fiel aqui. Mas talvez porque aí não tenha shows todos os dias, o público é mais receptivo, animado. Não vai haver um álbum novo do Bad Religion cuja turnê não inclua o Brasil, posso garantir", decreta.
O Bad Religion, que toca ainda em Curitiba (amanhã), Rio de Janeiro (dia 16) e Porto Alegre (18), se apresentou no país pela primeira vez em 1996, no Close Up Planet, na mesma noite que os Sex Pistols.
Desta vez, a banda que é considerada pai do neopunk californiano da década passada escolheu seu segundo lar para terminar a turnê do álbum "New America", que corre o mundo desde antes de o álbum ser lançado, em maio do ano passado.
"Mas o "New America" será responsável apenas por 20% da nossa apresentação. O show é de comemoração. Tocaremos só clássicos", afirma o vocalista.
A comemoração a que Graffin se refere diz respeito aos 20 anos de carreira do Bad Religion, completados em 2000. Formada em 1980, em Los Angeles, a banda comandada por Graffin e pelo baixista Jay Bentley já lançou 15 discos e vendeu milhares de cópias de seus álbuns pelo mundo.
Graffin e banda são os responsáveis pelo reaquecimento do punk rock do Oeste americano dos 90, que provocou o surgimento de grupos como Green Day, Offspring e Blink 182.
Outro motivo de comemoração para o politizado Bad Religion é a "quase reintegração" do guitarrista-fundador da banda, Brett Gurewitz, que deixou o grupo em 1994 para administrar melhor a gravadora Epitaph, que começava a fazer um dinheiro absurdo com a nova onda liderada pelo Offspring, filhote de seu Bad Religion.
"Brett está conosco aqui e ali. Já nos ajudou em "New America". E Devemos sentar juntos para compor o próximo álbum, lá para junho", afirma Graffin.
Novo CD do Bad Religion deve ser lançado apenas em outubro. Até lá, e antes de compor e gravar, Graffin pretende descansar.
"Preciso de férias. Vou ver se aproveito alguns dias de folga para visitar as praias do Brasil. E a Amazônia", revelou Graffin, que, além de roqueiro e ativista político, exerce o papel de biólogo.



Show: Bad Religion
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, tel. 0/xx/3177-3663)
Quanto: de R$ 20 a R$ 60




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