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PERSONALIDADE
Processo avança na fase de testemunhos, com relatos explícitos de pedofilia e até de uma suposta tentativa de suborno
Caso Michael Jackson enfileira depoimentos chocantes
JERME BERNARD
DA FRANCE PRESSE, EM SANTA MARIA
Após cerca de dois meses, a
maioria das testemunhas convocadas para prestar depoimento
sobre as acusações de abuso sexual de cinco menores na década
de 1990 contra Michael Jackson já
compareceu ao tribunal de Santa
Maria, Califórnia. Acusado de ter
abusado sexualmente de um garoto de 13 anos, na época, entre fevereiro e março de 2003, em sua
fazenda Neverland, na Califórnia,
Jackson passou mais semanas ouvindo depoimentos acusadores
relativos a fatos supostamente
ocorridos na década passada.
O cantor nunca escondeu o fato
de que gosta de viver rodeado de
crianças. No documentário "Living with Michael Jackson" ("Vivendo com Michael Jackson"), do
jornalista britânico Martin Bashir, exibido em fevereiro de 2003
nos Estados Unidos, o cantor aparece ao lado de sua suposta vítima
e diz que dormir com crianças é
algo inocente.
Na última segunda, a mãe de
outra suposta vítima de Jackson
afirmou que seu filho passou
muitas noites no quarto do cantor
em 1993, durante visitas à sua fazenda ou em viagens a Las Vegas,
Flórida, Mônaco e Nova York.
De acordo com a testemunha,
Jackson lhe disse que eles formavam "uma família". "Somos uma
família, e (o garoto) está se divertindo. Por que não podemos dormir juntos?", Jackson lhe teria
perguntado. "Por que você não
confia em mim?", lhe perguntou,
"chorando e tremendo".
Outra testemunha, Bob Jones,
ex-assessor publicitário do cantor, contou que, quando voltavam
de uma viagem a Mônaco, o cantor e o menino dormiam "abraçados, e Jackson lambeu sua cabeça". Na semana passada, o júri ouviu vários depoimentos chocantes e explícitos sobre o comportamento de Jackson com meninos.
Um ex-segurança de Neverland,
Ralph Chacon, afirmou ter visto o
cantor, em 1993, "acariciando o
cabelo do garoto. Ele o estava beijando (...), beijando seus mamilos". Em seguida, "pôs o pênis do
menino em sua boca".
Um jovem, filho de um empregado da fazenda, contou que foi
tocado por Jackson no início dos
anos 1990. Em uma ocasião, estava sentado no colo de Jackson, e
este começou a lhe fazer cócegas.
"De alguma maneira, terminamos no chão (...). De alguma maneira, ele passou para minhas
partes íntimas, onde estão meus
genitais", disse, contando ainda
que o músico tocou seus testículos durante dois ou três minutos.
A mãe do garoto, ex-empregada
de Jackson, disse ter visto o cantor
tomando banho de chuveiro com
um garoto australiano de sete ou
oito anos e também deitado num
saco de dormir com seu filho,
num quarto escuro, vendo TV. A
mulher afirmou que garotos freqüentemente dormiam no quarto
de Jackson, onde muitas vezes se
viam "roupas de menino pelo
chão". Outra ex-criada, Adrian
McManus, declarou ter visto o
cantor beijar três meninos e tocar
suas nádegas ou braguilhas. Disse
que esses meninos dormiam habitualmente na cama do astro entre 1991 e 1994.
O advogado principal de Jackson, Tom Mesereau, por sua vez,
tenta desacreditar todas essas testemunhas, insistindo sobre as
motivações econômicas que teriam para acusar o cantor.
O padrasto do garoto que aparece em "Vivendo com Michael
Jackson" disse em testemunho na
terça que, após a exibição do documentário britânico, Frank
Tyson, um sócio do astro, ofereceu para a família o financiamento da educação dos garotos e uma
casa. Em troca, eles fariam uma
gravação inocentando Jackson.
Tradução Clara Allain
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