Cantora faz show do CD "Se É Pecado Sambar", com músicas de Bide, Marçal e outros

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Mariana de Moraes lança hoje, com um show no Sesc Pompéia, um CD que fez há sete anos em Los Angeles para o mercado japonês. Ela diz que, por causa do desinteresse das gravadoras, já estava desistindo de lançar o produto globalizado por aqui, mas a mudança para São Paulo para integrar o elenco do espetáculo "Os Sertões", em 2006, possibilitou o contato com o selo Lua e a retomada de "Se É Pecado Sambar".
"As músicas já serão outras agora. Houve um amadurecimento e me sinto mais concentrada como cantora. Talvez eu até tivesse mais técnica nos anos 90, quando comecei, mas interpretar não é só a melodia e a técnica vocal. Aquela música precisa fazer sentido para você.
Hoje, a tendência das cantoras é ter um certo distanciamento, não valorizando a sensação."
"Se É Pecado Sambar" é o primeiro CD solo de Mariana. Antes, a neta de Vinicius de Moraes só gravara, ao vivo, "A Alegria Continua" (1997), ao lado de Elton Medeiros e Zé Renato. Propostas para estrear cantando bossa nova, especialmente misturada com eletrônica, foram freqüentes.
"Tem produtor que pensa que tem a fórmula do sucesso, mas eu acho que isso não dá certo. Queria cantar sambas dos anos 30, 40. A tradição da música brasileira é muito rica, e via nos novos compositores uma inconsciência dessa riqueza. E cantar músicas do meu avô, só quando eu já fosse reconhecida", diz ela.
De Vinicius, só entrou no CD "Medo de Amar". Mas, no show de hoje, também estarão "Sei Lá... A Vida Tem Sempre Razão" e "Um Seqüestrador", parceria póstuma dele com Francis Hime e Adriana Calcanhotto. Nesta música e em "Mal Secreto" (Jards Macalé/Waly Salomão), Mariana será acompanhada pelo guitarrista Lanny Gordin.
Da obra de Tom Jobim, constam do disco e do show "Fotografia" e "Estrada do Sol". O produtor japonês que encomendou o CD pediu músicas do compositor.
"Se todas as concessões fossem assim...", fantasia. Entre os sambas importantes estão "Agora É Cinza" (Bide/Marçal), "Tenha Pena de Mim" (Ciro de Sousa/Babaú) e "Pra Fugir da Saudade" (Elton Medeiros/Paulinho da Viola).
E ainda há dois standards americanos: "I Fall in Love Too Easily" -"É uma homenagem a Vinicius, a cara dele"- e "There Will Never Be Another You".