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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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Diretor de Cannes defende "cinema de equilíbrio"

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

A exibição de "Fanfan la Tulipe", do francês Gérard Krawczyk e com Penélope Cruz no elenco, abre hoje o 56º Festival de Cannes, que tem um filme brasileiro em competição. "Carandiru", de Hector Babenco, está entre as 20 produções de 13 países que disputam a Palma de Ouro.
O concorrente brasileiro -que terá sessão de gala no Grande Palácio no dia 19- está ao lado de cineastas veteranos em Cannes, como o chileno Raoul Ruiz, o americano Clint Eastwood e o inglês Peter Greenaway. O vencedor, apontado por um júri cujo presidente é o cineasta e diretor teatral Patrice Chéreau, será anunciado no dia 25. Até lá o festival terá apresentado quase cem filmes de longa-metragem e uma retrospectiva da obra de Federico Fellini (1920-1993), homenageado desta edição. "Matrix Reloaded", que tem sua pré-estréia mundial neste festival, e "Fanfan la Tulipe" não competem.
Responsável pela seleção da mostra competitiva, o diretor artístico do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, falou à Folha.
 

Folha - Em 2002, "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, esteve em Cannes, fora de competição. Este ano, o Brasil comparece com "Carandiru", "A Janela Aberta" (Philippe Barcinski, na Palma dos curtas), "Filme de Amor" (Julio Bressane, na Quinzena dos Realizadores) e com o curta "Castanho" (Eduardo Valente). Cannes começou a se interessar pela produção brasileira pós-cinema novo?
Thierry Frémaux -
Poderíamos ainda citar a presença de Walter Salles no júri do ano passado. Mas a resposta é sim. Penso que a vitalidade do cinema brasileiro é real. Ter um ano com jovens realizadores como Fernando Meirelles e Karim Aïnouz ["Madame Satã]" e, no ano seguinte, um veterano como Hector Babenco é a prova de que o Brasil continua sendo um grande país para o cinema.

Folha - Ao anunciar os filmes em competição o sr. disse que perseguiu o objetivo de se afastar da suposta divisão entre o cinema popular e o cinema de autor. É uma opção pelo gosto médio?
Frémaux -
Não, ao contrário. Trata-se de equilibrar um cinema de pesquisa e um cinema clássico. O objetivo não é reconciliar nem cair na provocação. O cinema é emoção. E a força da emoção não tem a priori. Quando digo suposta divisão é porque estou um pouco farto da tentativa de opor um cinema elitista a um cinema popular, como se os grandes filmes da história do cinema não fossem também sucessos populares.

Folha - No ano passado, a tolerância foi o tema do festival, que escalou um competidor palestino ("Intervenção Divina", de Elia Suleiman) e um israelense ("Kedma", de Amos Gitai). Este ano, com o atraso do calendário de diversas produções previstas para estar na competição, o festival teve dificuldades para fechar a sua grade. O que restou como tema geral?
Frémaux -
De fato, não há um tema geral este ano. Deixo para os participantes do festival e para a imprensa a opção de propor uma coerência ou uma desarmonia.


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