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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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POLÍTICA CULTURAL

Movimento teatral critica recuo do governo Lula

Arte contra a Barbárie apóia "contrapartida"

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO

Novas diretrizes em tempos de polêmica na política cultural do governo Lula também mobilizam a chamada classe teatral.
O movimento Arte contra a Barbárie, que desde 1998 catalisa em SP ações pró-políticas públicas para o setor, com irradiação nacional, se manifesta sobre "dirigismo cultural" e "contrapartida social" no documento "A Arte na Cultura do Favor".
Assinado pelo Arte contra a Barbárie, pela Cooperativa Paulista de Teatro e pelo periódico teatral "O Sarrafo", que o publica na próxima edição, o texto afirma que "a demonização da "contrapartida social" foi uma estratégia de escândalo" que teria sido montada pelos "libertadores das verbas do cinema nacional".
"A recusa em pensar modos de contrapartida social corresponde à recusa em modificar as práticas dominantes de produção e de circulação, confinadas nos limites excludentes e medíocres do mercado de entretenimento", afirma o documento.
Ao que responde o produtor Luiz Carlos Barreto, um dos líderes do movimento contra o "dirigismo cultural": "O que fizemos foi uma manifestação espontânea que nasceu nas várias áreas culturais do Rio. Foi para colocar nossa discordância sobre o que estava escrito [as diretrizes de patrocínio das estatais]. Agora é que estão usando para manipular". Para ele, é "uma desvalorização da obra de arte dizer que ela não tem, em si, uma contrapartida social".
Desde o início do mês, as expressões "dirigismo cultural" e "contrapartida social" povoam os debates entre a Secretaria de Comunicação de Governo (Secom), do ministro Luiz Gushiken, o Ministério da Cultura (Minc), de Gilberto Gil, os produtores e os artistas, sobretudo o setor cinematográfico, que rachou quanto à política de patrocínio das estatais.
Empresas como Eletrobrás e Furnas Centrais Elétricas chegaram a anunciar novos critérios para incentivo de projetos culturais por meio de renúncia fiscal em nome de uma "contrapartida social" (ingressos gratuitos, geração de empregos, vinculação a projetos sociais como o Fome Zero etc).
As estatais recuaram diante das críticas quanto ao "dirigismo cultural". O Arte contra a Barbárie nasceu por iniciativa de principais companhias do teatro paulista e personalidades.
Nesses cerca de cinco anos foram lançados três manifestos centrados na defesa da produção, circulação e fruição dos bens culturais como um direito constitucional; e contra a "mercantilização" da cultura oficial à época, nos planos federal, estadual e municipal.
Reuniões em teatros da cidade e articulações junto à Secretaria Municipal de Cultura e à Câmara Municipal resultaram na criação, em 2002, do Programa Municipal de Fomento ao Teatro. (VALMIR SANTOS E LÚCIA VALENTIM)


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