São Paulo, sábado, 14 de maio de 2005 |
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12ª BIENAL INTERNACIONAL DO RIO Francês decifra fórmula do best-seller
MARCOS STRECKER DA REDAÇÃO O escritor francês Marc Levy, presente na Bienal do Rio, descobriu um filão milionário ao misturar romance, espiritualidade e mistério. Só para seu primeiro livro, "E Se Fosse Verdade...", a fórmula valeu US$ 2 milhões em direitos autorais, comprados por Steven Spielberg em filme que deve ser lançado neste ano, com direção de Mark Waters ("Meninas Malvadas") e roteiro de Ronald Bass ("Rain Man"). Daquele título até "Da Próxima Vez", seu quarto livro, que está sendo lançado no Rio (todos pela ed. Bertrand), foram mais de 4 milhões de exemplares em 30 línguas. O autor, que participa de conferência hoje, às 18h, no auditório Fernando Sabino (Pavilhão Azul do Riocentro), disse à Folha que não tem "a menor idéia" do que leva ao sucesso. Mas diz que "cruza os dedos todas as manhãs" para que continue. Levy, que mora em Londres, nem sempre se dedicou à literatura. Trabalhou vários anos como paramédico na França e teve um escritório de arquitetura. O que isso tem a ver com literatura? Para ele, os dois metiês exigem que se desenvolva "capacidade de síntese, de se antecipar tudo, o que é muito útil também para contar uma história". A motivação para "Da Próxima Vez", disse, foi a idéia de que "a criação sobrevive ao homem". Ele queria contar uma história "em que o mistério ficasse escondido dentro de um quadro, como no princípio de uma boneca russa, o segredo escondido dentro de outro segredo", afirmou. Além da espiritualidade, Levy aborda outros temas que fazem lembrar Paulo Coelho -virtudes como honestidade e humildade, por exemplo. Ele afirma que fica "muito honrado" com a comparação, mas que "não a merece". "Já o encontrei diversas vezes e acho que ficamos amigos. Admiro seu trabalho", diz. Levy não sabia que a história do seu primeiro romance ("E Se Fosse Verdade...") quase foi utilizada em novela da TV Globo, em 2003. Quando a semelhança do enredo com a história de seu livro foi apontada pela Folha, o projeto foi abandonado. "Não sabia disso, mas tenho outros livros se eles quiserem...", disse. A espiritualidade, segundo Levy, não significa fé pessoal, apenas "metáforas". Nos seus livros, pessoas reencarnam ao longo dos séculos, o espírito de uma mulher habita um apartamento, pinturas ganham vida etc. O livro que agora sai no Brasil, segundo ele, é o que tem "a história mais densa, mais realizada, mais palpitante". Seu próximo romance, "Vous Revoir" (te rever), sai no próximo mês na França e há diversos sites de fãs na internet que especulam sobre o lançamento. "A história do primeiro romance é retomada, alguns meses depois, e se situa inteiramente em San Francisco." Levy confessa que não tem compromisso com a sofisticação literária: "Não tento agradar. Se consigo embarcar o leitor em uma viagem fora do seu cotidiano, durante uma leitura, acho que cumpri meu metiê com honestidade. Não acho que sou um artista... apenas um artesão", afirmou. Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Crítica: Obra é "Ghost" diluído Índice |
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