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NETVOX
Praga de e-mail pega
MARIA ERCILIA
Editora de Internet
Imagine acordar e encontrar sua
caixa postal cheia dos mais apavorantes xingamentos. Do nada.
Foi o que aconteceu com Jean
Boechat, um designer de São Paulo. "Um rapaz do interior do Estado do Espírito Santo, que vendia
cosméticos, resolveu expandir suas
vendas", conta ele.
O vendedor de cosméticos tinha
recebido vários e-mails de empresas que ofereciam "serviços de
marketing" por e-mail. Um dia, ele
resolve contratar uma dessas empresas para mandar uma mala direta para 4.000 pessoas.
Só que ele ficou preocupado, e
pediu à empresa que não mandasse tudo de uma só vez. Tarde demais. Os e-mails já tinham sido todos enviados e logo começaram a
aparecer as reclamações.
Como a empresa do rapaz se
chamava Schwan e Boechat, os
distribuidores inventaram um e-mail assim, para disfarçar a origem do spam: schwan@boechat.com
Justamente o endereço que já havia sido registrado por Jean Boechat, que não tinha nada a ver
com a história, mas em poucas horas foi consignado ao inferno dos
spammers. Seu nome entrou numa
lista negra e ele teve que esperar
pacientemente o fim da saraivada
de e-mails.
É impressionante como se pode ir
longe com algumas dúzias de e-mails.
Veja o que aconteceu com a jornalista Mary Schmich, por exemplo. Ela nunca tinha pensado em
ser famosa ou em escrever um livro, até que um dia alguém raptou
uma coluna que ela tinha escrito
para o "Chicago Tribune" e a enviou para centenas de pessoas,
com o seguinte título: "Discurso de
Kurt Vonnegut Jr. para uma turma de formandos do Massachussetts Institute of Technology".
A coluna consistia numa lista de
conselhos para quem está começando a vida, alguns sérios, outros
irônicos, começando por "Use filtro solar".
Nada a ver com nada que Vonnegut já tenha escrito; mas a história pegou.
O e-mail rodou mundo pelo menos duas vezes. Virou notícia em
jornais sérios, que engoliram a história toda e depois tiveram de se
retratar.
Acabou por ir parar nas mãos do
próprio Kurt Vonnegut, que recebeu a confusão com mau humor:
"Então algum imbecil infectou a
Internet com uma mentira absurda? Só mostra como isso é fácil de
fazer e como as pessoas são crédulas."
Ou, pelo menos, como suspendem totalmente a descrença ao ler
os seus e-mails.
Tudo isso aconteceu nos idos de
97. Schmich se animou tanto com
a súbita popularidade que transformou a coluna em um livro, chamado "Use Protetor Solar - Um
Guia para a Vida Real".
Mas melhor parte da saga ainda
estava por vir. Baz Luhrmann, diretor do filme "Romeu e Julieta",
comprou os direitos de gravação
da coluna e a usou como letra de
música.
Como se não bastasse, a canção
entrou há pouco tempo na lista
das músicas mais tocadas nas rádios, nos EUA. Quem quiser matar
a curiosidade, pode ouvir um pedacinho no site da CDNow. É ruim
demais, tanto que chega a ser engraçado -tem um fundo musical
meio dance, enquanto alguém recita as palavras do texto. E só.
Isso já faz mais de um ano e os
sensatos conselhos de Mary
Schmich continuam firmes em sua
carreira, infestando a mídia como
um vírus dos mais resistentes.
Para completar, só faltava uma
paródia infame da música/coluna.
Ela existe, e se chama "Not the
Sunscreen Song" -foi escrita por
um compatriota de Luhrman, chamado John Safran, que acabou por
conseguir gravar um single com
ela, à venda em várias lojas de discos da Internet.
Mais surpreendente ainda, encontrou quem o comprasse.
Giga Power leva festival de cinema virtual
O Giga Power Synth
(sites.uol.com.br/kekilda/synth) acaba
de ganhar o Festival
de Cinema Virtual do
Recife
(cinemavirtual.cesar.org.br/). Quem
assina a obra em
Flash é Keka
Marzagão; o som
-tecno- é de
Arthur Guidi
Satírico
O japonês Katsurao fez algumas paródias da campanha do iMac, da Apple, mas a exposição em seu site não durou muito tempo. Veja o que aconteceu em:
http://www7.big.or.jp/katsurao/fp/f-inax.htm
E-mail: ercilia@folhasp.com.br
O colunista
José Simão está em férias.
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