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Chega aos EUA a versão cinematográfica para o game "Tomb Raider", protagonizado por Angelina Jolie, como Lara Croft
Tomb Raider - O cinema em jogo
Associated Press
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Angelina Jolie na pele da heroína Lara Croft, em "Tob Raider", versão para as telas do clássico game que estréia nos EUA
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MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Não, eles não são reais. Registre
essa informação porque ela é, na
verdade, a resposta à primeira
pergunta que você vai fazer ao ver
Angelina Jolie no papel da heroína Lara Croft em "Tomb Raider".
Feita a inevitável menção aos
seios da personagem, vamos ao
que interessa. Não há nada sobre
Jolie, do sutiã que aumenta em
pelo menos três tamanhos sua capacidade mamária ao relacionamento publicamente kamasutrico que tem com o marido, o ator
Billy Bob Thornton, que deixe de
intrigar ou fascinar público e mídia. Não há tampouco assunto ou
pergunta que intimide a filha de
Jon Voight, que responde a qualquer questão com desenvoltura
de político em véspera de eleição.
Desde que, em 98, foi colocada
sob a lente coletiva quando fez o
papel de uma modelo lésbica viciada em heroína em "Gia", exibido pela HBO, Jolie não saiu mais
do foco coletivo. O Oscar recebido por sua atuação em "Garota,
Interrompida", no ano passado,
veio somente confirmar o óbvio:
que a estrela da menina de 26
anos que coleciona facas, tatuagens e ratos como animais de estimação está destinada a brilhar
por anos a fio.
Foi para falar de "Tomb Raider", a megaprodução de US$ 100
milhões que ela protagoniza e que
será lançada com todo o alvoroço
que lhe cabe nesta sexta, nos Estados Unidos, que Jolie recebeu a
reportagem da Folha em Los Angeles. Como era de esperar, o filme foi apenas um pretexto para
que ela discursasse sobre bissuxualidade, armas, Billy Bob e instinto suicida.
Folha - O que você e Lara Croft
têm em comum?
Angelina Jolie - Dos personagens que interpretei, ela é a que
mais se parece comigo. É destemida, guerreira, arrojada, divertida.
Não somos femininas ao extremo, mas sabemos ser se quisermos. Temos apetite pela vida.
Folha - Em "Tomb Raider", você
trabalha ao lado de seu pai, coisa
que só havia feito aos cinco anos de
idade. Como foi a experiência?
Jolie - Muito emocional porque
o diálogo da cena que fazemos
juntos tem tudo a ver com a história de nosso relacionamento. Não
conseguíamos parar de chorar.
Folha - Houve quem apostasse
que seu casamento com Billy Bob
duraria semanas.
Jolie - Pois é. E já estamos juntos
há um ano e alguns meses. Acabamos de renovar nossos votos na
cozinha de casa. Uma mulher veio
nos dar a benção e fizemos ali
mesmo um pacto de sangue e novas tatuagens de significado secreto e sagrado.
Folha - Você ainda coleciona facas?
Jolie - Não só facas como também diferentes tipos de armas.
Meu marido e eu mantemos todas essa parafernália em um
quarto trancado.
Folha - É verdade que você fez as
cenas de ação sem a ajuda de dublês?
Jolie - Havia dublês no set à minha disposição, mas fiz questão
de dar conta das acrobacias de Lara. Em alguns casos, porque queria me divertir. Em outros, porque os dublês não conseguiam.
Folha - Quantos acidentes?
Jolie - Vários. Joelho, tornozelo,
costas, centenas de cortes e dezenas de novas cicatrizes.
Folha - Como você se relaciona
com os fãs?
Jolie - Os fãs são meu porto seguro. Faço questão de tratá-los
com o mesmo respeito que eles
me dão. Quando minha vida estava complicada, foram eles, por
meio de cartas, que me deram as
mãos. Por isso, sempre que os encontro, individual ou coletivamente, quero tocá-los, beijá-los,
agradecê-los.
Folha - Você já foi rotulada de
gay, bissexual e heterossexual. Onde você se encaixa?
Jolie - Não há nada de errado
com nenhum desses rótulos. Você ama a pessoa que ama, não importa sexo, idade ou cor. Amor é
atração, é a transa perfeita, como
a que tenho com meu marido. Eu
encontrei o amor da minha vida e
ele é um homem. Mas poderia ter
sido uma mulher, porque, por
mais de uma vez, já estive apaixonada por uma mulher. Não entendo como uma coisa bonita como o amor pode ser polêmica.
Folha - Por falar nisso, a imprensa
insinuou que havia entre seu irmão
e você uma relação incestuosa. Como você se sentiu?
Jolie - Incomoda, principalmente porque afetou minha relação
com ele. Mas não acho que alguém acredite no que a imprensa
diz sobre isso. Eles fazem de uma
coisa bonita algo chocante. A interpretação deles vem de seus
pensamentos doentios, e não de
minhas atitudes.
Folha - Como o relacionamento
com Billy Bob mudou sua vida?
Jolie - Se não fosse por ele e pelo
meu trabalho, não estaria aqui falando com você hoje. Eu amo demais a vida, mas preciso de liberdade para ser feliz e, sem ela, sou
como um animal enjaulado. Prefiro morrer do que me sentir assim. Antes de conhecer meu marido, não estava me sentindo livre.
Folha - Ao contrário da maioria
dos atores, você não se importa em
falar sobre sua vida pessoal.
Jolie - Minha intenção não é
chocar. Compartilhar nosso
amor, que é puro e inesgotável, é
uma forma de celebrá-lo, de dizer
que somos gratos pelo que temos.
Não me importo mesmo.
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