São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 2002

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MÚSICA

Quarteto inglês vetado nas rádios em 97 lança em 1º de julho "Baby's Got a Temper" cuja letra fala sobre drogas

Prodigy retorna com single polêmico

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Com "Baby's Got a Temper", single que nem chegou às lojas mas já invadiu internet e rádios inglesas, o Prodigy volta a revirar o túmulo do punk.
Não só musicalmente. O conceito todo por trás da música é o mais anti-sistema que uma banda estabelecida, que recebe salário de uma gravadora, conseguiu fazer.
A grande polêmica está de novo na letra da música. Em 97, o disco "Fat of The Land", responsável pelo estouro da banda, trazia letras de conteúdo altamente violento e/ou ofensivo a minorias. A lista é grande: "Smack My Bitch Up", "Serial Thrilla", "Breathe"...
Agora, "Baby's Got a Temper" (algo como "menina geniosa") traz referência explícita ao tranquilizante Rohypnol, que misturado à bebida alcoólica se tranforma numa droga potente.
"Roofies", como a droga é chamada nas ruas, é normalmente ligada à prática de estupros. Segundo a polícia inglesa, ela seria usada para "apagar" a futura vítima.
A letra ainda pega pesado com a família real inglesa. Começa assim: "Veja-me chegando mais perto/Mais uma vez, acenda o céu/Ela vai sair impressa no dinheiro/Igualzinho à família real/ Isto não é um feriado/Amamos Rohypnol/Tomamos Rohypnol/ Para nos esquecer de tudo". Pauleira ou não é?
O single, que sai oficialmente em 1º de julho na Inglaterra, é o primeiro material inédito do Prodigy em cinco anos.
Mas e o som? É Prodigy reciclando Prodigy, com fortes referências de Sex Pistols -especialmente no vocal de Keith Flint, cada dia mais punk. Irônico, o Prodigy se auto-sampleou. Usou na música trechos de "Firestarter", seu maior hit.
Por enquanto, apenas as rádios mais alternativas da Inglaterra tocam a música. Nos EUA, a faixa deve ser vetada nas rádios, como aconteceu com a anterior "Smack My Bitch Up".
Os integrantes do Prodigy, sempre polêmicos, não fazem muito para ajudar a limpar a barra da música. Em entrevista a um semanário inglês, Keith Flint disse: "Não sei nada sobre os efeitos médicos reais do barato. Se eu já usei? Com certeza, muito. E a música é sobre isso. É uma pensata sobre a balada, sobre cheirar cocaína e depois tomar calmantes. Algumas pessoas tomam de tudo para acalmar, e Rohypnol é uma dessas coisas".

Festivais
O retorno oficial do Prodigy aos palcos, onde costumam fazer apresentações bombásticas, está marcado para o final de agosto, no megafestival Reading, na Inglaterra.
Toda a comoção em torno do grupo não veio de graça. Quando se reuniram, em 90, Liam Howlett, Maxim, Keith Flint e Leeroy Thornhill formaram uma aliança química que fundia pela primeira vez com tanta energia o movimento punk -quem não lembra do visual ultracybermano de Flint em meados dos anos 90?- e dance music.
Não é exagero dizer que o Prodigy foi o responsável pelo estouro do tecno para as grandes massas em países como o Brasil, por exemplo.
A rebeldia do grupo sempre contrastou com o inexplicável sucesso. Como explicar, por exemplo, a aceitação do clipe de "Smack My Bitch Up", aquele em que uma mulher sai na balada, entra em brigas, pega prostitutas....? Mesmo sendo veiculado apenas nas madrugadas nos EUA, o vídeo chegou ao primeiro posto na MTV. Se o single novo já fez tamanho barulho, imagine o tamanho da bomba que vai ser o próximo Prodigy.



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