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MÚSICA
Quarteto inglês vetado nas rádios em 97 lança em 1º de julho "Baby's Got a Temper" cuja letra fala sobre drogas
Prodigy retorna com single polêmico
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Com "Baby's Got a Temper", single que nem chegou às lojas
mas já invadiu internet e rádios
inglesas, o Prodigy volta a revirar
o túmulo do punk.
Não só musicalmente. O conceito todo por trás da música é o
mais anti-sistema que uma banda
estabelecida, que recebe salário de
uma gravadora, conseguiu fazer.
A grande polêmica está de novo
na letra da música. Em 97, o disco
"Fat of The Land", responsável
pelo estouro da banda, trazia letras de conteúdo altamente violento e/ou ofensivo a minorias. A
lista é grande: "Smack My Bitch
Up", "Serial Thrilla", "Breathe"...
Agora, "Baby's Got a Temper"
(algo como "menina geniosa")
traz referência explícita ao tranquilizante Rohypnol, que misturado à bebida alcoólica se tranforma numa droga potente.
"Roofies", como a droga é chamada nas ruas, é normalmente ligada à prática de estupros. Segundo a polícia inglesa, ela seria usada para "apagar" a futura vítima.
A letra ainda pega pesado com a
família real inglesa. Começa assim: "Veja-me chegando mais
perto/Mais uma vez, acenda o
céu/Ela vai sair impressa no dinheiro/Igualzinho à família real/
Isto não é um feriado/Amamos
Rohypnol/Tomamos Rohypnol/
Para nos esquecer de tudo". Pauleira ou não é?
O single, que sai oficialmente
em 1º de julho na Inglaterra, é o
primeiro material inédito do Prodigy em cinco anos.
Mas e o som? É Prodigy reciclando Prodigy, com fortes referências de Sex Pistols -especialmente no vocal de Keith Flint, cada dia mais punk. Irônico, o Prodigy se auto-sampleou. Usou na
música trechos de "Firestarter",
seu maior hit.
Por enquanto, apenas as rádios
mais alternativas da Inglaterra tocam a música. Nos EUA, a faixa
deve ser vetada nas rádios, como
aconteceu com a anterior "Smack
My Bitch Up".
Os integrantes do Prodigy, sempre polêmicos, não fazem muito
para ajudar a limpar a barra da
música. Em entrevista a um semanário inglês, Keith Flint disse:
"Não sei nada sobre os efeitos médicos reais do barato. Se eu já usei?
Com certeza, muito. E a música é
sobre isso. É uma pensata sobre a
balada, sobre cheirar cocaína e
depois tomar calmantes. Algumas pessoas tomam de tudo para
acalmar, e Rohypnol é uma dessas
coisas".
Festivais
O retorno oficial do Prodigy aos
palcos, onde costumam fazer
apresentações bombásticas, está
marcado para o final de agosto,
no megafestival Reading, na Inglaterra.
Toda a comoção em torno do
grupo não veio de graça. Quando
se reuniram, em 90, Liam Howlett, Maxim, Keith Flint e Leeroy
Thornhill formaram uma aliança
química que fundia pela primeira
vez com tanta energia o movimento punk -quem não lembra
do visual ultracybermano de Flint
em meados dos anos 90?- e dance music.
Não é exagero dizer que o Prodigy foi o responsável pelo estouro do tecno para as grandes massas em países como o Brasil, por
exemplo.
A rebeldia do grupo sempre
contrastou com o inexplicável sucesso. Como explicar, por exemplo, a aceitação do clipe de
"Smack My Bitch Up", aquele em
que uma mulher sai na balada,
entra em brigas, pega prostitutas....? Mesmo sendo veiculado
apenas nas madrugadas nos EUA,
o vídeo chegou ao primeiro posto
na MTV. Se o single novo já fez tamanho barulho, imagine o tamanho da bomba que vai ser o próximo Prodigy.
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