São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

"INFIDELIDADE"

Diretor volta a assunto já abordado em três filmes anteriores

"Não sou um obcecado pelo tema da traição", diz Lyne

Divulgação
Os atores Diane Lane e Olivier Martinez em cena de "Infidelidade", do diretor Adrian Lyne, que entra em cartaz hoje em São Paulo


FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

A traição é um tema recorrente na obra do inglês Adrian Lyne, 61. Antes de "Infidelidade", que estréia hoje, o diretor já tinha tratado do tema em três outros filmes (e ele só dirigiu oito): "Atração Fatal" (1987), "Proposta Indecente" (1993) e "Lolita" (1997).
Agora, volta ao assunto na história da mãe de família (Diane Lane) bem casada (Richard Gere) que tem um caso com um homem mais novo (Olivier Martinez). Indagado se tem algum interesse especial na questão, o diretor responde que não.
"Não sou um obcecado, está em meus filmes porque envolve as pessoas", disse o diretor em entrevista à Folha em Los Angeles. "Sou obcecado pelo comportamento das pessoas, isso sim. Também me perguntam muito se sou contra a traição, como se isso fosse errado. É claro que sou contra. Alguém é a favor?"
Ele continua sua teoria: "O que realmente me interessa são os riscos que as pessoas correm sem saber. A traição é um deles, pois você pode tomar todos os cuidados que parecem necessários e ainda assim correr um risco enorme, de se apaixonar perdidamente, de provocar uma paixão, ciúme, rancor. Não há rede de segurança na vida, e é isso que queria mostrar com esse filme".
Richard Gere foi o primeiro a se ligar ao projeto. Junto do diretor, ajudou a escolher Diane Lane para o papel da protagonista. "Eu e Diane já havíamos trabalhado antes uma vez (em "Cotton Club", dirigido por Francis Ford Coppola em 1984), foi maravilhoso, e desde então tivemos experiências similares", disse Gere. "Fomos casados, depois nos divorciamos e hoje nos gostamos muito, ela é uma ótima atriz."
Adrian Lyne justifica a escolha da dupla: "Ela é uma mulher muito sexy, mas doce e delicada ao mesmo tempo, e as mulheres sensuais tendem a ser mais duronas. Diane é diferente, pode fazer uma cena em que está transando no corredor com o amante mais novo ficar leve e suave, mas erótica ao mesmo tempo. E convence como a mãe de família que tira a bala da boca do filho e come".
A escolha do francês Olivier Martinez foi a mais cheia de obstáculos. Gere se opunha à idéia de o amante ser interpretado por um ator mais novo e não era especialmente favorável à idéia de um não-americano. "Quando li o roteiro, o papel do amante não tinha sido escrito para um ator tão novo, os dois poderiam ser representados por um ator da minha idade. Mas o Adrian tinha essa idéia. Achei que era um clichê, uma idéia cafona, para falar a verdade", disse ele.
O diretor sabia que não poderia ir radicalmente contra as vontades de seu protagonista. "Testamos vários atores, de todas as idades, assim ninguém se sentiria passado para trás na decisão. Então chegamos a cinco possibilidades, três mais velhos e dois novos, todos americanos", lembra-se.
É aí que entra em cena a filha mais nova do diretor: "Ela me disse que tinha assistido ao filme "Antes do Anoitecer", de Julian Schnabel, e visto um francês lindo, sexy e perfeito para o papel. Mandamos uma passagem para Olivier, fizemos o teste e ficou claro para todo o mundo que tínhamos achado o nosso ator".
O resultado disso é que Martinez é dono da única performance do filme que ainda vai ser lembrada daqui a uma década. (TETÉ RIBEIRO)

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