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MARIZA ALENCAR
Cala a boca, José?
O vice-presidente José
Alencar revelou na semana
passada que jurou à mulher,
Mariza Alencar, que não
mais criticaria os altos juros
brasileiros. Num bate-papo
com a coluna, ela falou do
"desemprego terrível" que
vê à sua volta e confirmou o
juramento do marido.
"Agora, se ele vai cumprir,
eu já não sei", diz.
Folha - O vice disse que não
vai mais falar sobre juros seguindo ordens da senhora.
Mariza -(rindo) Realmente,
eu reclamo um pouco. Ele deve ter falado isso porque eu
realmente fico muito nervosa.
Folha - Ele disse que jurou.
Mariza -É isso mesmo. Agora, se ele vai cumprir, eu já não
sei.
Folha - Pois é. Logo depois de
revelar o juramento, ele falou
mal dos juros.
Mariza -(rindo de novo) É
meio difícil, viu? Ainda mais
para uma pessoa que lidou a
vida inteira com economia como ele. Tudo dele foi sempre
para o crescimento da empresa [Alencar é dono do grupo
têxtil Coteminas], para gerar
empregos. Toda vez que a
gente queria viajar, ele brincava: deixa o café subir de preço.
Folha - Por que a senhora
acha, então, que ele não deveria mais fazer críticas aos juros?
Mariza -Não é por ele ter sido
eleito vice que vai ficar mudo.
Na verdade, ele está mais do
que correto. O José entende
do assunto. Apesar de os economistas dizerem que não, eu
sei que sim. Mas... é aquela
história. Tem a condição, o
momento. Ele e o presidente
[Lula] se dão tão bem, ele e o
[ministro Antonio] Palocci.
Então, eu não quero que haja
atrito. É isso. Eu falei: vamos
esperar um pouco mais.
Folha - E já houve atrito?
Mariza -Nunca. Pelo contrário. O ministro Palocci esteve
em casa no fim de semana
passado. Combinamos até de
sair para tirar esse mal-estar.
Eu me dou muito bem com a
Margareth [mulher de Palocci]. Eu fui mostrar o lago do
Jaburu [residência oficial do
vice-presidente] para a Margareth enquanto eles trocavam idéias. Agora, a minha
preocupação é que, por mais
que o presidente Lula entenda, não deixa de ser... não uma
crítica a ele, presidente, ele sabe disso. O José já tinha essa
posição, ele já criticava os juros no outro governo.
Folha - A senhora defende juros mais baixos também?
Mariza -Claro que sim. É um
desemprego terrível. Não é só
a indústria têxtil que está sofrendo. Tenho recebido cartas
de pessoas desesperadas.
Folha - As cartas chegam ao
Palácio do Jaburu?
Mariza -Chegam no Jaburu e
também à minha casa em Belo
Horizonte. São muitas, viu?
Eu tenho filhos de amigas,
pessoas formadas e que hoje
estão completamente aí, numa dificuldade terrível.
Folha - E não dá para arrumar
trabalho para todos?
Mariza -Não é o meu papel.
Eu nem tenho o que fazer sobre isso. As últimas cartas que
comecei a ler, fiquei tão sensibilizada que liguei lá para o
doutor Amauri, que é assessor
da vice-presidência, e mandei
para ele. São pessoas com
doença na família, filho desempregado, marido desempregado, precisando sobreviver de qualquer maneira, precisando até de uma cesta básica. Não é brincadeira. A solução teria que ser o crescimento do país.
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