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Crítica
Sutil dimensão política permeia "Robocop"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Paul Verhoeven ("Instinto
Selvagem") tem o dom de colocar em relevo certos aspectos
de um filme, de tal modo que os
produtores não se incomodem
com ele. O que é uma pena é
que, quase sempre, esses detalhes demorem a ser percebidos
também pelo público, como no
caso de "Tropas Estelares", em
que a inserção irônica de um
trecho à la Leni Riefenstahl
acabou interpretado como...
adesão do diretor do filme ao
nazismo!
Com "Robocop - O Policial
do Futuro" (Telecine Pipoca,
12h50), não fomos tão longe,
mas as aventuras do tira de Detroit que ganha uma segunda
vida, como ciborgue, estão
cheias dessas referências.
A primeira delas diz respeito
à privatização da polícia (o filme é de 1987, momento de glória do pensamento neoliberal)
-idéia que atravessa o filme e,
evidentemente, faz sarcasmo
com os ideólogos do Estado mínimo. Verhoeven propõe o mínimo. E delineia um personagem absurdo, à imagem de um
mundo que também lhe parece
assim.
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