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ERUDITO
O spalla e regente Fernando Hasaj fala sobre formação e repertório da orquestra argentina concentrada nas cordas
Camerata Bariloche faz apresentações em Campos
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Camerata Bariloche, formação argentina de câmara com 17
músicos (15 deles de cordas) será
uma das excelentes opções na
programação do fim de semana
do 36º Festival Internacional de
Inverno de Campos do Jordão.
Ela se apresenta hoje, às 21h, no
auditório Cláudio Santoro, e amanhã, às 12h30, na praça Capivari.
Trará peças de Bach, Ginastera,
Nino Rota e Astor Piazzolla.
Eis a entrevista à Folha do spalla
e regente, Fernando Hasaj.
Folha - Depois de 38 anos da Camerata, dá para dizer se é confortável ou difícil fazer música de câmara na América Latina?
Fernando Hasaj - Poderíamos até
entrar num livro de recordes. Temos por todos esses anos atividades ininterruptas, apesar dos altos
e baixos. Sempre buscamos a
maior excelência musical, com
um núcleo que se esforça para tocar bem e conhecer o repertório.
Folha - Esse núcleo mudou ou
permaneceu o mesmo?
Hasaj - Ele mudou. Eu, por
exemplo, relaciono-me com a Camerata desde 1974, quando fui
um de seus bolsistas. Mas o importante é a manutenção de uma
cultura interna.
Folha - A camerata é uma instituição privada. Como ela sobrevive?
Hasaj - O Estado não tende a
apoiar esse tipo de formação. Há
então a inteligência e a capacidade
de manobra das pessoas encarregadas da gestão do grupo. A Camerata recebeu e recebe ainda
subsídios estatais. E também privados. A vinda do grupo para
Campos do Jordão, por exemplo,
é patrocinada pela Petrobras.
Folha - Nesses quase 40 anos a Argentina atravessou momentos difíceis. A Camerata chegou a ter sua
sobrevivência ameaçada?
Hasaj - Nunca chegamos a correr esse risco, felizmente. Apesar
de tudo, a Camerata se manteve
acima da situação geral da Argentina, onde as coisas oscilam entre
o espantoso e menos espantoso.
Folha - Para o festival, todos os
integrantes da Camerata terão atividades didáticas?
Hasaj - Não. Haverá um work-shop para os estudantes, e apenas
nas vésperas dos dois concertos
que a Camerata fará.
Folha - Mas o sr. estará lecionando durante todo o festival?
Hasaj - Sim, desde o primeiro
dia. No ano passado cheguei a ser
convidado, mas foi muito em cima da hora. Então só consegui
trabalhar com os bolsistas durante cinco dias.
Folha - Desde quando o sr. é o
spalla e regente da Camerata?
Hasaj - Desde 1993.
Folha - A Camerata tem uma formação fixa ou ela oscila, dependendo do repertório?
Hasaj - O núcleo, já que somos
uma orquestra de cordas, é formado por oito violinos, três violas, três violoncelos e e um contrabaixo. Há ainda um oboé e, por
fim, um cravo, quando se trata de
música barroca.
Folha - E qual é a programação da
Camerata para este ano?
Hasaj - Estamos fazendo um ciclo de assinaturas, no teatro Colón, de Buenos Aires, numa série
chamada "Por Amor a Mozart",
em que sempre interpretamos de
início uma peça do século 20 e em
seguida um concerto -para piano, violino ou clarinete. No dia 5
de dezembro faremos uma "Flauta Mágica" [ópera de Mozart], para a qual agregaremos outros instrumentistas de sopro.
Folha - Para a ópera o sr. ficará na
posição do spalla ou irá para o lugar do regente?
Hasaj - Eu tenho ficado com freqüência só na regência. É como
maestro que estou fazendo com a
Camerata as últimas cinco sinfonias de Mozart. Nossa última récita foi na segunda-feira passada.
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