São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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ERUDITO

O spalla e regente Fernando Hasaj fala sobre formação e repertório da orquestra argentina concentrada nas cordas

Camerata Bariloche faz apresentações em Campos

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Camerata Bariloche, formação argentina de câmara com 17 músicos (15 deles de cordas) será uma das excelentes opções na programação do fim de semana do 36º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.
Ela se apresenta hoje, às 21h, no auditório Cláudio Santoro, e amanhã, às 12h30, na praça Capivari. Trará peças de Bach, Ginastera, Nino Rota e Astor Piazzolla.
Eis a entrevista à Folha do spalla e regente, Fernando Hasaj.

 

Folha - Depois de 38 anos da Camerata, dá para dizer se é confortável ou difícil fazer música de câmara na América Latina?
Fernando Hasaj -
Poderíamos até entrar num livro de recordes. Temos por todos esses anos atividades ininterruptas, apesar dos altos e baixos. Sempre buscamos a maior excelência musical, com um núcleo que se esforça para tocar bem e conhecer o repertório.

Folha - Esse núcleo mudou ou permaneceu o mesmo?
Hasaj -
Ele mudou. Eu, por exemplo, relaciono-me com a Camerata desde 1974, quando fui um de seus bolsistas. Mas o importante é a manutenção de uma cultura interna.

Folha - A camerata é uma instituição privada. Como ela sobrevive?
Hasaj -
O Estado não tende a apoiar esse tipo de formação. Há então a inteligência e a capacidade de manobra das pessoas encarregadas da gestão do grupo. A Camerata recebeu e recebe ainda subsídios estatais. E também privados. A vinda do grupo para Campos do Jordão, por exemplo, é patrocinada pela Petrobras.

Folha - Nesses quase 40 anos a Argentina atravessou momentos difíceis. A Camerata chegou a ter sua sobrevivência ameaçada?
Hasaj -
Nunca chegamos a correr esse risco, felizmente. Apesar de tudo, a Camerata se manteve acima da situação geral da Argentina, onde as coisas oscilam entre o espantoso e menos espantoso.

Folha - Para o festival, todos os integrantes da Camerata terão atividades didáticas?
Hasaj -
Não. Haverá um work-shop para os estudantes, e apenas nas vésperas dos dois concertos que a Camerata fará.

Folha - Mas o sr. estará lecionando durante todo o festival?
Hasaj -
Sim, desde o primeiro dia. No ano passado cheguei a ser convidado, mas foi muito em cima da hora. Então só consegui trabalhar com os bolsistas durante cinco dias.

Folha - Desde quando o sr. é o spalla e regente da Camerata?
Hasaj -
Desde 1993.

Folha - A Camerata tem uma formação fixa ou ela oscila, dependendo do repertório?
Hasaj -
O núcleo, já que somos uma orquestra de cordas, é formado por oito violinos, três violas, três violoncelos e e um contrabaixo. Há ainda um oboé e, por fim, um cravo, quando se trata de música barroca.

Folha - E qual é a programação da Camerata para este ano?
Hasaj -
Estamos fazendo um ciclo de assinaturas, no teatro Colón, de Buenos Aires, numa série chamada "Por Amor a Mozart", em que sempre interpretamos de início uma peça do século 20 e em seguida um concerto -para piano, violino ou clarinete. No dia 5 de dezembro faremos uma "Flauta Mágica" [ópera de Mozart], para a qual agregaremos outros instrumentistas de sopro.

Folha - Para a ópera o sr. ficará na posição do spalla ou irá para o lugar do regente?
Hasaj -
Eu tenho ficado com freqüência só na regência. É como maestro que estou fazendo com a Camerata as últimas cinco sinfonias de Mozart. Nossa última récita foi na segunda-feira passada.


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