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Marroquino salva Nova York de monstro
enviada especial a Nova York
A cotação de Jean Reno, 49,
nunca esteve tão alta em Hollywood. A indústria americana não
só começou a entender o humor
desse ator marroquino radicado
na França como colocou em suas
mãos o destino da humanidade.
Em "Godzilla", mais um
"blockbuster" em que o roteiro
traz uma ameaça à população da
Terra, Reno interpreta um agente
francês que supera o Exército dos
EUA na luta pelo extermínio da
espécie do réptil gigante.
No filme de Roland Emmerich e
Dean Devlin, a mesma dupla de
"Independence Day", o personagem de Reno consegue localizar os
200 ovos deixados pelo monstro
no Madison Square Garden -enquanto os militares só exibem a
sua incompetência ao tentar abater Godzilla pelas ruas de NY.
A escolha de um francês para o
papel de herói pode ser vista apenas como uma tentativa de amenizar a culpa que é jogada nas costas
da França. O roteiro responsabiliza o país pelo surgimento da criatura -uma mutação causada pelos testes nucleares realizados nos
anos 60 nas ilhas do Pacífico.
"O que importa é que finalmente Hollywood passou a escrever
papéis especialmente para mim",
afirmou Reno, em entrevista exclusiva à Folha concedida no hotel
Waldorf Astoria, em Nova York.
Dividido entre o cinema francês,
que o lançou internacionalmente
com "Imensidão Azul", e o americano, onde atuou em "O Profissional" e "Missão Impossível",
Reno tem atualmente dois endereços, um em Paris e outro em Los
Angeles. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.
Folha - Sendo francês, qual a sua
opinião sobre o roteiro de "Godzilla", que responsabiliza a França
pelo surgimento da criatura?
Jean Reno - Às vezes é difícil
defender a França. Nós não somos
os culpados pelo aparecimento de
nenhuma criatura zangada como
Godzilla, mas não posso contestar
o fato de os testes nucleares terem
ocorrido. Mas Roland Emmerich e
Dean Devlin (autores do roteiro)
tentaram ser justos. Ao mesmo
tempo em que colocaram a culpa
em nós, criaram o meu personagem, que é um agente encarregado
de limpar toda a sujeira.
Folha - Apesar de engraçado, seu
personagem tem um ar pretencioso. Você acha que o público pode
ter dificuldade em identificá-lo como o herói?
Reno - Do jeito como foi escrito, o meu personagem parece ser
um pouco mais esperto que os demais. Mas não sei se concordo
com a idéia de que ele é o único
herói. Não podemos esquecer que
eu encontro o ninho dos "babyzillas", mas são as armas americanas
que acabam com eles. Quanto ao
tom pretencioso, que resulta nas
piadas sobre o pão e o café americano, acho que isso resume o jeito
como Roland me vê. Foi ele quem
criou essas tiradas para mim. Acho
que o personagem vai conseguir
uma empatia com o público, até
mesmo com o americano.
Folha - Nos últimos anos você
tem conciliado papéis importantes
em filmes franceses e secundários
em produções norte-americanas.
Qual das duas indústrias é mais
importante para a sua carreira?
Reno - Gosto de trabalhar tanto
na Europa quanto nos EUA. Em
Hollywood, onde os homens que
fazem a indústria têm o hábito de
pensar grande, é mais fácil. As
possibilidades são infinitas e os
atores conseguem ganhar mais dinheiro. Mas tenho tudo o que preciso na França. Os EUA representam mais uma opção.
Folha - Como você conseguiu
que Hollywood escrevesse papéis
especialmente para você em superproduções como "Missão Impossível" e "Godzilla"?
Reno - Acho que finalmente os
estúdios começaram a entender o
meu humor e passaram a escrever
personagens para mim, mesmo
pequenos. Quando eu cheguei à
Hollywood, em 88, logo após o sucesso de "Imensidão Azul", tudo
o que consegui foram papéis desinteressantes, que não me satisfaziam. Os EUA só me viam como
matador. Com o tempo, perceberam que eu posso oferecer muito
mais do que uma cara de mau.
(EG)
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