UOL


São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bienal de Arquitetura apresenta projetos que dão cara de vanguarda à cidade americana

Nova York maquiada

Divulgação
Projeto de Renzo Piano para a nova sede do jornal "The New York Times", que será concluído em duas fases, a primeira em 2005 e a última em 2006


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há dúvida de que a capital cultural ocidental na segunda metade do século 20, Nova York, descuidou da arquitetura. A última construção que se tornou uma marca na cidade foi a sede do Museu Guggenheim, projetada por Frank Lloyd Wright e inaugurada em 1959.
Entretanto, no fim da década de 90, Nova York, especialmente após o efeito provocado por outro Guggenheim, no caso o de Bilbao, projetado por Frank O. Gehry e aberto em 1997, percebeu que a arquitetura, como uma maquiagem, pode ajudar a instituir uma nova identidade.
"Especialmente após o "efeito Bilbao", percebeu-se que a arquitetura ajuda a aumentar o interesse por uma cidade. Ela se transformou num instrumento de publicidade", diz o arquiteto Joel Sanders, curador da mostra sobre Nova York, junto com Raymond Gastil, na Bienal de Arquitetura de São Paulo -que acontece entre 14 de setembro e 2 de novembro, no Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, em São Paulo.
Nova York é uma das sete cidades do módulo Metrópoles da Bienal, seu principal segmento, que conta ainda com São Paulo, Pequim, Johannesburgo, Tóquio, Berlim e Londres. Sanders esteve em São Paulo, na última semana, para acertar detalhes da mostra e conversou com a Folha.
"A arquitetura virou vitrine do design e do espetáculo. Creio que este é o começo de uma nova moda, e Nova York, nos últimos cinco anos, passou a utilizar a assinatura de arquitetos em construções provocantes como forma de expressar identidade", diz Sanders.
O arquiteto vai trazer para sua mostra, denominada Desenho de Identidade, cinco segmentos nos quais essa característica é marcante: Interior com Marca, Grandes Edifícios, Instituições Culturais, Espaços Públicos e Competição do World Trade Center.
"Mesmo após o 11 de Setembro, que provocou uma grande crise em Nova York, a arquitetura assumiu um importante papel, pois o concurso para a construção que irá ficar no lugar das torres gêmeas popularizou o debate sobre arquitetura de tal forma que o que era antes debatido em escritórios fechados virou até capa de jornais sensacionalistas", conta Sanders.
Todos os projetos que concorreram para o lugar das torres gêmeas estarão na mostra, inclusive o vencedor, de Daniel Libeskind.
Em Interior com Marca, Sanders, que é professor de arquitetura na Universidade de Yale, apresenta hotéis e lojas de marca assinados por nomes famosos. É o caso da loja da marca italiana Prada, projeto do holandês Rem Koolhaas que custou US$ 45 milhões, e da loja do brasileiro Carlos Miele, projetada pelos arquitetos e artistas visuais Hani Rashid e Lise Anne Couture, da Asymptote. O francês Philip Starck comparece com o hotel Royalton.
Já em Grandes Edifícios, o curador selecionou os projetos para corporações da área de comunicações, como a nova sede do jornal "The New York Times", de Renzo Piano, a sede da Hearst Co., por Norman Foster, e a sede da AOL/Time Warner, do escritório Skidmore, Owings & Merril. "Aqui, retoma-se a assinatura de prédios encomendados por grandes empresas e, não por acaso, são todas ligadas à mídia", conta Sanders. Nesse segmento, o curador apresenta ainda projetos imobiliários de alto padrão.
Para Instituições Culturais, a área que mais sofreu o impacto do "efeito Bilbao", Sanders traz quatro projetos, entre eles o Museu de Arte Africana, projeto do suíço Bernard Tschumi, e a nova sede do Museu de Arte Moderna, de Taniguchi. "No caso do MoMA, o projeto de expansão é discreto. Mas creio que após o 11 de Setembro esse comedimento será muito elogiado", diz o curador.
Finalmente, em Espaços Públicos, Nova York será vista em projetos de revitalização de áreas deterioradas, como a rua 42, redesenhada por Robert Stern, e a Penn Station, do escritório SOM.
Além de selecionar os 30 projetos de Nova York, Sanders é o arquiteto que representa os EUA na seção dos países da Bienal de Arquitetura. Ele apresenta seus projetos e construções realizados a partir do conceito "Ergotectonics", que busca vincular o corpo humano à escada do espaço dos edifícios. "Trabalho com a maximização do uso dos espaços e a idéia de que o homem contemporâneo, muitas vezes, trabalha e vive no mesmo local", diz.

Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.