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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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POLÍTICA CULTURAL

Após assistir ao filme "Amarelo Manga", presidente diz que cinema brasileiro precisa ser "competitivo"

Lula refuta aumento de recursos ao MinC

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

"Os recursos do Ministério da Cultura vão continuar sendo aquém do que se necessita, até ocorrer um ajuste da economia brasileira." A afirmação foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteontem, em jantar no Palácio da Alvorada, do qual participava o ministro da Cultura, Gilberto Gil.
O orçamento atual do Ministério da Cultura corresponde a 0,2% do total da União. Gil reivindica o aumento do percentual para 1%. "Estamos negociando, mas, com essa frase, o presidente sinalizou que ainda não será dessa vez", disse o secretário-executivo do MinC, Juca Ferreira.
Gil passou o dia de ontem em reuniões para discutir a nova estrutura no Ministério da Cultura (leia texto ao lado) e não comentou a frase do presidente.

Conflito
No jantar, o ministro pediu licença para se retirar da mesa às 23h40, antes que o café fosse servido. "Preciso dormir, presidente. Levantei às 6h."
"A frase [de Lula sobre o orçamento] reflete uma realidade. Há uma demanda orçamentária, não só nossa, mas de vários ministérios, e o governo está numa luta para reduzir gastos, para gerar superávit e todos esses indicadores macroeconômicos que o país acompanha. É um conflito entre a necessidade de investimento nas políticas públicas, incluindo cultura, e a capacidade do governo de fazê-lo", disse Ferreira.
Além de Gil, estavam presentes ao jantar no Palácio -realizado após a exibição do filme "Amarelo Manga", do cineasta pernambucano Cláudio Assis- integrantes do elenco do filme (Leona Cavalli, Dira Paes, Chico Diaz, Jonas Bloch) e personalidades políticas, como o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), e o secretário do Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro.
Ao abordar "a predominância do cinema americano" no mercado brasileiro, Lula disse que "não só o Brasil precisa vencer algumas barreiras", mas que "é preciso ter um produto brasileiro competitivo, em vez de ficar só xingando [a hegemonia norte-americana no mercado de cinema nacional]".
O presidente defendeu o crescimento da produção de filmes brasileiros - atualmente o país lança em média 30 títulos/ano-, mas fez outra ponderação: "Padecemos de uma coisa mais grave [do que a pequena produção cinematográfica]. Muita gente não vai ao cinema porque é coisa cara".
O diretor de fotografia Walter Carvalho comparou a realização de "Amarelo Manga" (produzido com orçamento de R$ 450 mil) ao feito de um político realizar sua campanha eleitoral com apenas R$ 15 mil. Olhando na direção do cineasta Cláudio Assis, o presidente comentou: "A grande coisa é que você conseguiu fazer com pouco dinheiro, mas com muita determinação, um filme que muita gente tentou e não conseguiu. Nada é impossível se você for perseverante".


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