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POLÍTICA CULTURAL
Após assistir ao filme "Amarelo Manga", presidente diz que cinema brasileiro precisa ser "competitivo"
Lula refuta aumento de recursos ao MinC
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
"Os recursos do Ministério da
Cultura vão continuar sendo
aquém do que se necessita, até
ocorrer um ajuste da economia
brasileira." A afirmação foi feita
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, anteontem, em jantar no
Palácio da Alvorada, do qual participava o ministro da Cultura,
Gilberto Gil.
O orçamento atual do Ministério da Cultura corresponde a
0,2% do total da União. Gil reivindica o aumento do percentual para 1%. "Estamos negociando,
mas, com essa frase, o presidente
sinalizou que ainda não será dessa
vez", disse o secretário-executivo
do MinC, Juca Ferreira.
Gil passou o dia de ontem em
reuniões para discutir a nova estrutura no Ministério da Cultura
(leia texto ao lado) e não comentou a frase do presidente.
Conflito
No jantar, o ministro pediu licença para se retirar da mesa às
23h40, antes que o café fosse servido. "Preciso dormir, presidente.
Levantei às 6h."
"A frase [de Lula sobre o orçamento] reflete uma realidade. Há
uma demanda orçamentária, não
só nossa, mas de vários ministérios, e o governo está numa luta
para reduzir gastos, para gerar superávit e todos esses indicadores
macroeconômicos que o país
acompanha. É um conflito entre a
necessidade de investimento nas
políticas públicas, incluindo cultura, e a capacidade do governo
de fazê-lo", disse Ferreira.
Além de Gil, estavam presentes
ao jantar no Palácio -realizado
após a exibição do filme "Amarelo Manga", do cineasta pernambucano Cláudio Assis- integrantes do elenco do filme (Leona
Cavalli, Dira Paes, Chico Diaz, Jonas Bloch) e personalidades políticas, como o governador do
Piauí, Wellington Dias (PT), e o
secretário do Desenvolvimento
Econômico e Social, Tarso Genro.
Ao abordar "a predominância
do cinema americano" no mercado brasileiro, Lula disse que "não
só o Brasil precisa vencer algumas
barreiras", mas que "é preciso ter
um produto brasileiro competitivo, em vez de ficar só xingando [a
hegemonia norte-americana no
mercado de cinema nacional]".
O presidente defendeu o crescimento da produção de filmes brasileiros - atualmente o país lança
em média 30 títulos/ano-, mas
fez outra ponderação: "Padecemos de uma coisa mais grave [do
que a pequena produção cinematográfica]. Muita gente não vai ao
cinema porque é coisa cara".
O diretor de fotografia Walter
Carvalho comparou a realização
de "Amarelo Manga" (produzido
com orçamento de R$ 450 mil) ao
feito de um político realizar sua
campanha eleitoral com apenas
R$ 15 mil. Olhando na direção do
cineasta Cláudio Assis, o presidente comentou: "A grande coisa
é que você conseguiu fazer com
pouco dinheiro, mas com muita
determinação, um filme que muita gente tentou e não conseguiu.
Nada é impossível se você for perseverante".
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