|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gramado "ameaça" ser diferente
DA REPORTAGEM LOCAL
O Festival de Gramado faz todo
ano tudo sempre igual -estende
o tapete vermelho na porta do Palácio dos Festivais. Em volta dele,
o público se espreme para ver
seus ídolos passarem e grita forte
os nomes célebres no cinema e na
TV. Principalmente na TV.
Na 33ª edição do festival, que
começa amanhã, "não há mudanças significativas", diz o presidente da mostra, Enoir Zorzanello.
"Na verdade, fizemos uma mexida na programação", acrescenta.
A mudança levou a competição
de documentários brasileiros para o horário nobre da noite. A disputa entre os filmes latinos foi
"rebaixada" para o período da
tarde, onde antes ficavam os documentários.
Em compensação, os latinos
cresceram em número. Agora,
"podem chegar até a oito", em vez
dos cinco que costumavam ser.
Na disputa pelos Kikitos da categoria ficção brasileira, o filé da
competição, há seis filmes:
"O Cerro do Jarau", de Beto
Souza, "Diário de um Novo Mundo", de Paulo Nascimento, "Cafundó", de Paulo Betti, "Gaijin
-°Ama-me como Sou", de Tizuka
Yamasaki, "Carreiras", de Domingos Oliveira, e "Sal de Prata",
de Carlos Gerbase.
A atenção aos filmes, como
sempre, dividirá lugar com a aura
de glamour que Gramado cultiva.
"É evidente que não vamos abandonar o lado glamouroso, porque
cinema é glamour. Faz parte do
contexto", diz Zorzanello.
O presidente cita, porém, que o
festival também promoverá debates e mesas-redondas, para incentivar a discussão sobre "o cinema,
a TV, todo o audiovisual".
Repassando a história da mostra, Zorzanello se lembra de que
"na época da ditadura, Gramado
era o grande tambor, o grande tablado de manifestações da classe
artística".
Ele puxa mais pela memória e
remonta a uma manifestação pelas Diretas-Já organizada pelo
ator e cineasta Hugo Carvana.
A reportagem observa que o
Brasil atravessa uma intensa crise
política e pergunta se o presidente
do festival prevê que seus ecos
cheguem à mostra, que termina
no próximo dia 20.
"Gramado é palco aberto. De repente, pode até haver manifestações, desde que não ofendam pessoas e instituições. Sempre deixamos o tema livre, sem censurar
nada", afirma.
Será que desta vez tudo vai ser
diferente? (SA)
Texto Anterior: Cinema: Divas revelam diretores dos seus sonhos Próximo Texto: Nas lojas: Romance Índice
|