São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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Gramado "ameaça" ser diferente

DA REPORTAGEM LOCAL

O Festival de Gramado faz todo ano tudo sempre igual -estende o tapete vermelho na porta do Palácio dos Festivais. Em volta dele, o público se espreme para ver seus ídolos passarem e grita forte os nomes célebres no cinema e na TV. Principalmente na TV.
Na 33ª edição do festival, que começa amanhã, "não há mudanças significativas", diz o presidente da mostra, Enoir Zorzanello. "Na verdade, fizemos uma mexida na programação", acrescenta.
A mudança levou a competição de documentários brasileiros para o horário nobre da noite. A disputa entre os filmes latinos foi "rebaixada" para o período da tarde, onde antes ficavam os documentários.
Em compensação, os latinos cresceram em número. Agora, "podem chegar até a oito", em vez dos cinco que costumavam ser.
Na disputa pelos Kikitos da categoria ficção brasileira, o filé da competição, há seis filmes:
"O Cerro do Jarau", de Beto Souza, "Diário de um Novo Mundo", de Paulo Nascimento, "Cafundó", de Paulo Betti, "Gaijin -°Ama-me como Sou", de Tizuka Yamasaki, "Carreiras", de Domingos Oliveira, e "Sal de Prata", de Carlos Gerbase.
A atenção aos filmes, como sempre, dividirá lugar com a aura de glamour que Gramado cultiva. "É evidente que não vamos abandonar o lado glamouroso, porque cinema é glamour. Faz parte do contexto", diz Zorzanello.
O presidente cita, porém, que o festival também promoverá debates e mesas-redondas, para incentivar a discussão sobre "o cinema, a TV, todo o audiovisual".
Repassando a história da mostra, Zorzanello se lembra de que "na época da ditadura, Gramado era o grande tambor, o grande tablado de manifestações da classe artística".
Ele puxa mais pela memória e remonta a uma manifestação pelas Diretas-Já organizada pelo ator e cineasta Hugo Carvana.
A reportagem observa que o Brasil atravessa uma intensa crise política e pergunta se o presidente do festival prevê que seus ecos cheguem à mostra, que termina no próximo dia 20.
"Gramado é palco aberto. De repente, pode até haver manifestações, desde que não ofendam pessoas e instituições. Sempre deixamos o tema livre, sem censurar nada", afirma.
Será que desta vez tudo vai ser diferente? (SA)

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