São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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"MAD MAX"

Ficção segue a lógica da barbárie

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tudo o que envolve "Mad Max" (1979) diz respeito a um futuro incerto. Até mesmo agora, quando é lançado em DVD no Brasil. A distribuidora Warner coloca no mercado uma versão sem material extra (os únicos "extras" são o áudio original, em inglês australiano, e a versão dublada para o mercado norte-americano). Diz que, num futuro ainda não definido, chegará uma "edição especial", que já circula nos Estados Unidos, com bônus como um documentário de 25 minutos sobre a produção, outro sobre seu astro, Mel Gibson, comentários em áudio etc.
Se prevalece nessa estratégia a lógica mercantilista, as coisas eram diferentes quando George Miller estreava na direção com essa fantasia apocalíptica habitada por bárbaros e mercenários. Foi, durante anos, o filme de baixo orçamento mais lucrativo da história: custou cerca de US$ 230 mil (R$ 523 mil) e rendeu US$ 100 milhões (R$ 228 milhões).
O sucesso estimulou novas tendências na época, o que nem sempre significa evolução. É o filme que transforma Gibson em astro mundial, por exemplo, que hoje nos presenteia com obras duvidosas como "A Paixão de Cristo". Faz parte, ainda, de um momento em que ficções como "Guerra nas Estrelas" (1977) tomavam de vez o lugar dos faroestes.
"Mad Max" tem como cenário o mundo desértico de "daqui a alguns anos", sobrevivente de uma hecatombe nuclear, em que gangues de motoqueiros saqueiam caminhões de combustível e aterrorizam quem aparece pelo caminho. No que resta de vestígio de civilidade, um grupo de patrulheiros rodoviários tenta manter a ordem possível. Gibson é Max Rockatansky, o mais hábil desses policiais, sujeito que percorrerá esses dois mundos ao ver seus entes queridos serem assassinados.
Para quem está acostumado com um dia-a-dia de caos no trânsito, arrastões e revanchismos, o futuro de "Mad Max" está bem próximo, quase presente.


Mad Max
   
Direção: George Miller
Distribuidora: Warner; R$ 30, em média


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