São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2011

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A FAVORITA

Primeira filha na linha de sucessão de Silvio Santos no SBT, Daniela Beyruti diz que não poupará esforços para recuperar vice-liderança

KEILA JIMENEZ
COLUNISTA DA FOLHA

Nos dedos de Silvio Santos, ela é a filha número três. No SBT, porém, é a número um. Daniela Beyruti, 34, foge do rótulo, mas é hoje a sucessora natural de Senor Abravanel no comando da emissora.
Discreta, evita os flashes. Tem em comum com pai o medo de entrevistas. Abriu exceções pelos 30 anos do SBT, comemorados neste mês. Rede balzaquiana que sonha com dias melhores, como os que teve na juventude.
Grávida de três meses, Daniela, hoje diretora artística e de programação do SBT, tem pela frente a retomada do segundo lugar em audiência, perdido aos poucos para a Record, a partir de 2004.
O canal quer aprender com erros do passado, como as constantes mudanças de programação, e voltar a crescer.
"Passamos a vida lutando contra um gigante [a Globo]. Atirando uma pedrinha aqui, outra ali. De repente veio um terceiro e quis passar por cima da gente", diz. "Perdemos o foco no telespectador. Faltou preparo nosso para esse crescimento todo da Record."
Formada em comunicação nos EUA, Daniela está há seis anos na direção do SBT. Foi espectadora do Bozo, do "Programa Livre" e do "Viva a Noite". Ainda criança, achava muito estranho ver o pai na TV. Queria ir ao "Domingo no Parque" e ficar cutucando Silvio para chamá-la para as brincadeiras, coisa que o pai evitava.
"Quando consegui ir à prova do foguete [em que a criança com um fone grita 'sim' ou 'não' para os prêmios], travei. Não disse nada, perdi a vez", conta, rindo. "Até hoje não caiu a ficha de que sou filha do Silvio Santos." Como diretora, começou em "Ídolos", entre 2005 e 2006. Em 2008, virou diretora-executiva do canal e de cara sentiu a resistência. "Pensavam: "O que ela está fazendo aqui?". "Lamento que as pessoas me vejam como filha do dono. Cria uma barreira."
Os percalços na divisão de poder com o pai não foram poucos. "Alguns [diretores] tentavam pegar um 'sim' meu; se não conseguiam, iam tentar com o meu 'pai'. Como criança faz", diz ela. "Mas a gente não se deixava levar. A palavra final é sempre dele."
Venceu a resistência interna e contratou Roberto Cabrini, Roberto Justus, trouxe Eliana de volta e criou uma faixa nobre de séries, com episódios diários, como novelas. Prática depois imitada pela concorrência. "Todo mundo foi contra, mas deu certo por um tempo."
Mas esse jogo de leva e traz causou desgastes. No início de 2010, Daniela se afastou da programação e foi cuidar das afiliadas do SBT. Voltou em dezembro, com tudo.
Viu, nesse período, duas grandes estrelas do SBT, Hebe e Gugu, irem embora. Tampouco gosta de lembrar da crise no PanAmericano.
Em 2010, o Grupo Silvio Santos fez um empréstimo bilionário para cobrir uma fraude contábil no banco e colocou em consignação as empresas do grupo, entre elas, o SBT. O PanAmericano acabou sendo comprado, e o SBT, livre do peso de uma dívida. "Acho que ganhamos o SBT de volta, com uma nova vida", diz Daniela.
A jovem diretora não vê o SBT sem Silvio por perto e diz que a figura dele estará eternamente ligada à emissora. Assiste aos programas do pai sempre, como espectadora --não por obrigação-- e se diverte com a capacidade que ele ainda tem de surpreender. Quer herdar do pai a sensibilidade para saber o que o público quer e o jeito direto.
A mulher que nem de longe lembra a menina muda do foguete parece agora saber quando dizer "sim" ou "não" --e pelos próximos 30 anos.


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