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TEATRO
"O Horário de Visita" é montado com pouca ousadia, mas com honestidade; trama simples tem tom realista
Espetáculo combate no palco o preconceito
SERGIO SALVIA COELHO
CRÍTICO DA FOLHA
A honestidade é o grande
trunfo de "O Horário de Visita". Por tratar do tema do preconceito -não podendo, portanto, ser preconceituoso-, a montagem não tenta impor princípios
nem dar um passo maior que as
pernas: sábia precaução em uma
ficha técnica cheia de estreantes.
Sérgio Roveri, que antes desse
texto só havia escrito monólogos,
constrói uma trama simples em
tom realista, que embora faça rodeios para chegar a revelações
previsíveis, consegue sensibilizar
o público para a importância de
seu tema.
Edson e Ana, que perderam o
jovem filho em acidente de trânsito, esperam uma misteriosa visita,
Hique, que viria preencher essa
falta. Desconfiada, Flávia, a ex-namorada, se intromete nesse encontro para proteger Edson, que
acaba se revelando não tão indefeso assim.
Iniciantes maduros
O jovem diretor Ruy Cortez
mostra sensibilidade e maturidade por não querer "assinar" seu
nome com ousadias desnecessárias. Cuida de contar bem a história, dando suporte para a criação
dos atores.
O outro iniciante, ironicamente,
é Alberto Guzik, que volta a subir
ao palco depois de décadas de militância crítica, desautorizando
definitivamente o velho preconceito do crítico como "ator frustrado".
Se ainda deixa transparecer a insegurança por um certo desconforto físico, demonstra inteligência interpretativa pela riqueza de
entonação que o permite, não
caindo no maniqueísmo, humanizar um personagem odioso.
Os "veteranos", generosamente, não tentam puxar o foco. Tuna
Dwek faz com precisão e simpatia
a resignada Ana, cuja tolerância
atenua os conflitos.
Rejane Arruda, como Flávia, sabe desautorizar sua bela presença
quando necessário, e Marcelo
Médici, que já consagrou sua
energia irreverente nas "terças insanas", mostra agora uma contenção cheia de sensibilidade.
Encarando com desenvoltura
um tema tão delicado, a montagem evita o risco de descambar
para o rancoroso ou o proselitismo, mas por outro lado se permite algum pano quente.
Afinal, para desarmar o preconceito, que destrói vítimas e algozes, é preciso muita tolerância.
O Horário de Visita
![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Texto: Sérgio Roveri
Direção: Ruy Cortez
Com: Alberto Guzik, Marcelo Médici,
Rejane Arruda e Tuna Dwek
Onde: Teatro do Centro da Terra (r.
Piracuama, 19, Vila Pompéia, região
oeste de SP, tel. 0/xx/11/3675-1595)
Quando: sáb.: 21h; dom.:19h; até 5/10
Quanto: R$ 20; estac. (R$ 5); ingr. p/ tel.
0/xx/11/6846-6000
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